Queda do IPI de materiais de construção não influenciou emprego no setor, diz executivo

16/04/2006 - 10h09

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - A redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de materiais da construção civil, determinada pelo governo federal em fevereiro deste ano, não trouxe nenhum efeito positivo sobre o emprego no setor.

A avaliação foi feita para a Agência Brasil pelo presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro(Sinduscon/RJ), Roberto Kauffmann.

Segundo explicou o executivo, na habitação popular o custo final não chega a 3% da economia. "Então, de fato, aquilo ali (redução do IPI) não teve nenhum impacto na criação de empregos nem no aumento da produtividade".

Kauffmann destacou que o que o setor da construção civil tem de interessante, este ano, são os orçamentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço(FGTS) e da caderneta de poupança, aprovados no ano passado, que totalizam R$ 18 bilhões.

O orçamento do FGTS alcança R$ 10 bilhões, dos quais R$ 7 bilhões são destinados à habitação e R$ 3 bilhões ao saneamento. Os recursos da poupança devem ficar em torno de R$ 8 bilhões em 2006, contra R$ 5 bilhões aplicados no ano passado, disse Kauffmann.

Segundo o presidente do Sinduscon/RJ, "no dia em que o presidente Lula anunciou a redução do IPI, a notícia que nos interessou foi que ele destinou R$ 1 bilhão ao Fundo de Subsídio à Habitação de Interesse Social, previsto pela Lei 11.124, aprovada no ano passado". A lei ainda não foi regulamentada.

Roberto Kauffmann reconheceu que a medida de redução do IPI sobre materiais de construção foi bem vinda, mas frisou que não teve impacto. "Não é para resolver o problema".

Ele destacou que a ampliação das contratações se deve, entretanto, ao aumento do volume dos recursos da caderneta de poupança, em especial, que estão sendo aplicados na construção de imóveis para a classe média.

"Mas não foi por conta da redução do IPI, não", assegurou. Dados divulgados pelo Sinduscon/SP mostram que o nível de emprego cresceu 2,6% no primeiro bimestre de 2006 em comparação ao mesmo período do ano passado, o que representou a geração de 36,6 mil contratações.

Para Kauffmann, "o que está causando aumento de produção e de emprego são os recursos da poupança: são 60% a mais do que no ano passado".