Pesquisa revela que 76% das brasileiras deportadas da Europa poderiam ser vítimas de tráfico sexual

16/04/2006 - 14h38

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Parte das mulheres brasileiras deportadas ou não admitidas na Europa é vítima de tráfico internacional com fins de exploração sexual. A constatação está numa pesquisa inédita no Brasil, intitulada "Indícios de tráfico de pessoas no universo de deportadas e não admitidas que regressam ao Brasil via o aeroporto de Guarulhos".

O estudo foi realizado nos meses de abril e março de 2005 no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. De um universo de 175 mulheres que responderam a questionários e 15 que se submeteram a entrevistas, 76% não foram aceitas nos países de destino. O país que mais recusou a entrada de brasileiras foi Portugal, seguido por Itália, França, Espanha e Inglaterra.

A pesquisa também investigou quem são as mulheres que foram deportadas. A maioria era de origem humilde e recebia até três salários mínimos. A maior parte das entrevistadas estava na faixa dos 25 aos 40 anos de idade e vinha dos estados de Goiás, Paraná e Minas Gerais. Em relação à escolaridade, o estudo mostra que 57,7% das mulheres têm ensino médio completo ou incompleto e 19,4%, ensino superior completo ou incompleto.

Em 2004, segundo a Polícia Federal, cerca de 22,5 mil brasileiros foram deportados ou não admitidos no exterior. Desse total, 15 mil retornaram ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos e cerca de 33% eram mulheres.

A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Nacional de Justiça e pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime. Vários órgãos federais que atuam no aeroporto de Guarulhos colaboraram com o estudo, entre eles Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Infraero e Anvisa. As organizações não-governamentais Associação Brasileira de Defesa da Mulher (Asbrad) e Serviço da Mulher Marginalizada também participaram.