Construtor defende aplicação da maioria dos recursos do FGTS em imóveis novos

16/04/2006 - 10h09

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Kauffmann, criticou hoje a aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que segundo ele não está sendo feita de forma adequada.

Em entrevista à Agência Brasil, Kauffmann disse que a maior parte dos recursos é aplicada em imóveis usados e materiais de construção. "A gente quer que a maioria dos recursos seja usada para produzir imóveis novos".

O titular do Sinduscon/RJ defende que 70% dos recursos do FGTS se destinem à produção de imóveis novos, "que é o que cria emprego e desenvolve a economia", e 30% para imóveis usados e materiais de construção. Este ano, o orçamento previsto do FGTS para habitação é de R$ 7 bilhões.

Kauffmann criticou também a forma como são aplicados os recursos para materiais de construção dentro do FGTS, porque contribui para aumentar a favelização. "Eles dão um financiamento na faixa de R$ 5 mil. Ora, o que o cara faz com R$ 5 mil? Faz uma laje, um barraco. O que nós queremos na construção civil é produção de imóveis novos". Para ele, somente a construção de imóveis novos será capaz de reduzir o déficit de moradias, que supera 7 milhões de unidades.

Sobre o dinheiro da poupança, Kauffmann afirmou que está sendo bem aplicado, para imóveis novos destinados à classe média, e contando com recursos de bancos privados. "De fato, ali não tem problemas", declarou.

Na área da habitação de interesse social, o presidente do Sinduscon/RJ destacou a necessidade urgente de regulamentação da Lei 11.124, aprovada no ano passado, que cria o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e o Fundo de Subsídio à Habitação de Interesse Social, ao qual o governo federal destinou R$ 1 bilhão.

Kauffmann considerou a dotação reduzida para as necessidades do país. "No Brasil inteiro tem que ser da ordem de R$ 5 bilhões", defendeu. Ele lembrou que os estados e municípios poderão entrar com a contrapartida que não se restringe a dinheiro, mas pode ser traduzida sob a forma de terreno, complementação de obras de infra-estrutura e o equipamento comunitário, que vai ser o grupamento residencial, creche ou posto médico, por exemplo.

"Nós estamos trabalhando politicamente também, mostrando que o que o povo precisa é de novas moradias, novos bairros", indicou. Kauffmann revelou que no Rio de Janeiro o Sinduscon está desenvolvendo um projeto piloto de habitação de interesse social junto à linha férrea "porque habitação popular tem que ser junto ao transporte de massa, onde você tem trem e metrô para, justamente, a pessoa ir e vir de forma barata, rápida e segura".

O projeto conta com a parceria da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro(Firjan), SuperVia e Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro, e já foi apresentado à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, com o objetivo de usar também o subsídio para famílias de baixa renda.