Deputados divergem quanto à adoção de cotas raciais no Brasil

14/04/2006 - 9h56

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A implantação das cotas raciais nas universidades brasileiras não resolverá o problema da desigualdade no país, na opinião do deputado Luiz Alberto (PT-BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial. Entretanto, ele acredita que no prazo de dez anos a política afirmativa das cotas poderá ter impacto na discriminação racial.

Segundo o deputado, mais de 20 universidades já adotam o sistema de cotas no país. Ele afirma que a adoção das cotas poderá ajudar a diminuir o quadro de "apartheid" que já foi estabelecido no país. "Uma quantidade maior de negros estará presente, e por isso muitas pessoas tenderão a achar que todos os negros na universidade entraram por cotas. Mas esse vai ser um debate que nós vamos ter que enfrentar", afirma.

Já o deputado Nilson Pinto (PSDB-PA) acha que o Brasil não deve adotar o sistema de cotas raciais por não ter sofrido segregação racial. Segundo ele, a realidade histórica do Brasil mostra que o país foi caracterizado pela miscigenação. O problema maior, segundo ele, seria o da distribuição de renda, a diferença que separa as classes sociais.

Para Nilson Pinto, a educação universitária só poderá ser universalizada quando for melhorada a qualidade do ensino médio público e da educação básica. "O caminho é investir na qualidade da educação básica. Isso não é utopia, pode ser feito", afirma.

Outro ponto destacado pelo deputado Luiz Alberto é a duração da política de cotas, que, para ele, deve ter um caráter temporário. Além disso, ele diz que é necessário pensar numa política de permanência dos estudantes cotistas nas universidades. "Esses estudantes invariavelmente são oriundos de escola pública e, portanto são estudantes pobres que não teriam condições mesmo entrando na universidade pública de se manter", afirma.