Diretor do BNDES aponta etanol como nova fronteira econômica

10/04/2006 - 21h03

Rio, 10/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - A nova fronteira econômica brasileira é o etanol, disse hoje (10) o diretor de Planejamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Antonio Barros de Castro, ao comentar a diversificação do comércio brasileiro – em produto e em regiões. Ele sugeriu que o Brasil deverá, inclusive, liderar esse processo no mundo.

"A economia do Brasil é hoje bastante internacionalizada, o que constitui um fenômeno positivo. Ela exporta para o mundo inteiro. Os ovos estão em todas as cestas", afirmou. Barros de Castro se disse otimista em relação ao etanol porque é um campo em que "podem surgir novidades". E destacou: "Não é mais só o Japão, com seus 10 milhões de litros de encomenda sendo negociada. É também a Califórnia e há vários outros indícios de um quadro imensamente favorável ao etanol".

O diretor lembrou que a cadeia do álcool "vai desde a cana até uma ponta onde estão as biorefinarias, plásticos etc. É frondosa, com vários ramos, e o Brasil tem mostrado que está se preparando para ocupar esse campo com grande peso".

Na avaliação dele, o Brasil ainda deve vencer duas limitações e a primeira delas é que o mercado de etanol ainda não está construído adequadamente. "Ainda não existe a commodity etanol. Ou seja, não há padronização. O Brasil tem que ajudar na construção desse mercado para que o consumidor tenha segurança de que, ao comprar etanol, está comprando algo que ele conhece perfeitamente e que tem determinadas propriedades definidas".

A outra limitação, segundo Barros de Castro, é que para construir esse mercado o Brasil não deve ficar sozinho. Ele ressaltou a necessidade de se pluralizar a economia do etanol: "Nós só vamos poder exportar em massa se ajudarmos outros países, como África do Sul, Índia, México, a produzirem etanol. O ideal para o Brasil seria liderar esse processo, mas pelo problema de segurança energética, seria completamente contraproducente ter um peso excessivo dele".

O diretor informou que está em curso "uma verdadeira onda de construção de usinas", com 80 empreendimentos. E que estudo patrocinado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia aponta dois cenários de adição do etanol à gasolina, nas proporções de 5% e de 10%. "Isso implicaria um salto da presença brasileira e uma afirmação crescente da rota energética etanol, o que nos deixa entusiasmados", avaliou.