Missão brasileira à África leva medicamentos, material educativo e computadores

09/04/2006 - 20h04

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil pretende estabelecer uma linha regular de vôos da Força Aérea Brasileira (FAB) para África, com periodicidade de dois ou três meses. O primeiro deles – uma aeronave C-130, o Hércules – partiu às 18 horas deste domingo, carregado de medicamentos, material educativo, computadores, fardamentos e outras doações. Destino: Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal e Costa do Marfim. A missão à África é uma parceria entre a Aeronáutica e o Ministério das Relações Exteriores.

"Nossa intenção é que possa ser algo regular, o que ajudará muito a ação que temos em vários países de difícil comunicação", destacou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pouco antes da decolagem do Hércules. Segundo ele, vôos regulares da FAB beneficiariam estudantes e bolsistas. Também estimulariam a cooperação técnica e militar entre o Brasil e os países africanos.

Neste primeiro vôo, a Força Aérea transporta medicamentos anti-retrovirais genéricos para os programas de combate ao HIV/AIDS desenvolvidos pelo governo brasileiro em Cabo Verde e na Guiné-Bissau – há remessas periódicas desses medicamentos. O carregamento inclui equipamentos e material para os centros de formação profissional, instalados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) nas cidades de Praia (Cabo Verde) e Bissau, e material educativo para o projeto Escola para Todos, para deficientes visuais – projeto implantado pelo Ministério da Educação do Brasil em Cabo Verde.

Também estão sendo doados computadores para o Tribunal de Justiça de Guiné-Bissau e para a realização da 6ª Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em julho.

O Brasil também enviou fardamentos para o Exército da Guiné-Bissau. Segundo Celso Amorim, há perspectiva de um acordo na área militar, pelo qual o Brasil ofereceria treinamento para as Forças Armadas da Guiné-Bissau. "É um país que necessita muito de apoio para a profissionalização das Forças Armadas, que nasceram na guerrilha e não têm formação profissional dentro da doutrina militar moderna", explicou o chanceler. Militares brasileiros seguiram em missão à Guiné-Bissau justamente para avaliar as ações de cooperação a serem executadas pelas Forças Armadas do Brasil naquele país.

Embarcaram, na mesma aeronave, funcionários do Itamaraty, com o objetivo de dar apoio consular às comunidades brasileiras, e estudantes da Guiné-Bissau que retornam a seu país, após concluírem estudos universitários no Brasil. Segundo Amorim, ainda devem acontecer visitas oficiais do governo brasileiro ao continente africano até o fim do ano – uma delas, durante a CPLP. A outra poderá ocorrer em novembro, em reunião de países sul-americanos e africanos.

O ministro revelou, ainda, que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pretende abrir um escritório na África. "Está muito intensa nossa relação com a África, e esse Hércules é simbólico", enfatizou.