Secretário diz que levantamento começou em 2004 e promoveu "estratégia de organização solidária"

08/04/2006 - 18h13

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O Atlas da Economia Solidária, lançado hoje pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, pode servir de base para políticas públicas para o setor, confirma o secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Fabio Sanchez. Em entrevista à Agência Brasil, ele explica o processo de organização dos dados, que começou em 2004, e por que ele pode servir de base para as ações do Estado.

Agência Brasil – Quanto tempo levou para fazer o Atlas e por que realizá-lo?

Fabio Sanchez – O mapeamento começou em 2004. A gente construiu um grupo de trabalho para fazê-lo com alguns objetivos. Primeiramente, que ele subsidiasse as políticas públicas, que definisse que marcos jurídicos são mais necessários para esses empreendimentos, que ele auxilie na construção das políticas para o segmento. O segundo foi para, de fato, conhecermos a economia solidária no Brasil, mostrá-la e dar visibilidade. Um terceiro objetivo era uma estratégia de articular os empreendimentos, a possibilidade de construção de cadeias produtivas entre eles, de subsidiar o escoamento da produção deles.

Abr – O senhor poderia dar um exemplo dessa "estratégia de articulação"?

Sanchez – Através do mapeamento, conseguimos, por exemplo, construir uma cadeia produtiva do algodão ecológico, que reúne produtores no Ceará, empresas recuperadas em São Paulo e a produção de roupas (camisetas, calças) na região Sul do Brasil. Então, o mapeamento possibilita articular em termos políticos – formativos – que esses empreendimentos troquem conhecimento, experiências, que se organizem em fóruns de desenvolvimento de economia solidária, ou seja, uma estratégia também de organização.

ABr – Como foi feito o mapeamento?

Sanchez – A gente teve duas fases do mapeamento. Uma primeira foi o cadastramento dos empreendimentos. Ou eles se autocadastravam ou a gente pesquisava para fazer isso. A segunda fase foi de ir a campo, de visitar todos esses empreendimentos. Visitamos mais de 14 mil empreendimentos. Nessa segunda fase, haviam 700 pesquisadores espalhados pelo Brasil inteiro – em cerca de 200 entidades envolvidas. Em cada estado teve uma equipe gestora do mapeamento, que visitava as cooperativas para fazer um censo.