Piolho gosta de cabelo limpo e não escolhe classe social, aponta estudo do Instituto Oswaldo Cruz

08/04/2006 - 19h17

Norma Nery
Repórter da Agência Brasil

Rio - O piolho ataca estudantes de escolas públicas e particulares, em qualquer bairro ou região, gosta de cabelos limpos e não escolhe classe social e renda familiar. Essas são as conclusões de um mapeamento realizado no Rio de Janeiro pelos pesquisadores do Departamento de Biologia do Instituto Oswaldo Cruz, órgão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A infestação pelo inseto atinge entre 30 a 40% das crianças brasileiras em idade escolar e pode causar anemia, infecções oportunistas nos locais de grande coceira e baixo rendimento escolar.

"O problema da pediculose [presença de piolhos] não está associado a baixa renda, a promiscuidade e a falta de higiene", afirma o pesquisador Júlio Viana Barbosa, chefe do Departamento de Biologia do instituto. "Qualquer pessoa, independente de sexo, raça e renda familiar pode ter."

O pesquisador disse que o preconceito foi uma das barreiras enfrentadas no trabalho de mapeamento. Segundo Barbosa, muitas pessoas davam endereço errado e donos de escolas não admitiam o problema para não perder clientela. O trabalho será publicado em revista científica e teve como base informações recebidas pelo Disque-Piolho, serviço criado há 10 anos.