Pesquisador se afirma contente com experimentos feitos por Marcos Pontes

08/04/2006 - 19h44

Flávio Dieguez
Enviado especial*

Moscou (Rússia) – Seis pesquisadores vieram à Rússia acompanhar a realização dos seus experimentos na Estação Espacial Internacional (ISS). Dos seis, quatro ainda estão no Centro de Controle de Vôo russo, em Korolev, onde há pouco festejaram o trabalho concluído.

Para eles, de acordo com a subcoordenadora da Missão Centenário, Marta de Carvalho Humann, foram quatro meses de correria, noites em claro e muito aprendizado com os russos.

Marcelo Sampaio, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) concorda com Marta: "Aprendemos muito com eles. Começamos a aprender desde que fizeram os primeiros testes dos nossos experimentos, lá no Brasil, e nos últimos dias antes do vôo aprendemos muito mais".

Sampaio diz que está muito contente porque todos os procedimentos experimentais funcionaram como previsto. "Não há possibilidade de algo ter saído errado", diz ele. "Os procedimentos estavam programados para acusar o problema, se houvesse algum."

Marcos César Pontes agora está na Soyuz, que se desligou da ISS às 12h27, horário de Moscou (17h27 no Brasil), e aos poucos afasta-se da estação espacial. Não iniciou ainda a mudança de rota para o mergulho final em direção à Terra.

Apenas afasta-se lentamente, perdendo um pouco de altitude. Só deve acionar os motores principais para descer quando estiver entre 15 e 20 quilômetros da estação. Com ele vêem os cartões de memória nos quais estão gravados os resultados das experiências.

Para Sampaio, apesar de tudo ter corrido bem até agora, ainda resta alguma expectativa. É que seu experimento envolve bactérias, que amanhã mesmo, não muito tempo depois de a Soyuz pousar, terão de ser aprontadas para análise.

O estudo de Sampaio, feito em parceria com Heitor Evangelista e Nasser Asad, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), visa a estudar as defesas das bactérias contra a radiação.

Eles enviaram ao espaço quatro cepas (ou "raças") da bactéria Escherichia coli, que é um dos microorganismos mais comuns entre os que normalmente se hospedam no organismo humano (e às vezes podem causar males, como as diarréias). Por isso mesmo a E. coli é bem conhecida, e muito útil na realização de pesquisas.

*A viagem do enviado especial Flávio Dieguez é resultado de parceria entre a Radiobrás e o Ministério da Ciência e Tecnologia.