Ministério nega que Bastos tenha ajudado a encobrir participação de Palocci em violação de sigilo

08/04/2006 - 19h50

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça divulgou hoje (8) nota negando que o ministro Márcio Thomaz Bastos tenha ajudado o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a encobrir o crime de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. A denúncia foi publicada na edição deste final de semana da revista Veja.

Em reportagem, a revista afirma que Márcio Thomaz Bastos foi à residência oficial do ex-ministro da Fazenda com a missão de encontrar uma maneira de encobrir a participação da "cúpula" do governo na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro. Além de Bastos e Palocci, também estariam na casa o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, e o advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho. No encontro, de acordo com Veja, Palocci e Mattoso "não só discutiram o que falariam à Polícia Federal como também a possibilidade de, por R$ 1 milhão, arrumar um funcionário subalterno da Caixa que assumisse a responsabilidade pela violação".

"O ministro Márcio Thomaz Bastos não participou ou tomou conhecimento de encontro para articular a suposta estratégia de defesa ou de cobertura para possíveis responsáveis pelo crime de quebra de sigilo do senhor Francenildo Costa", informa a nota do Ministério da Justiça.

No texto, a assessoria confirma apenas que Bastos compareceu a uma reunião com Palocci em 23 de março para lhe apresentar o advogado Arnaldo Malheiros. "Durante o contato, Malheiros – que é um dos principais especialistas em direito penal do Brasil –, fez uma exposição, ouviu e falou sobre alguns aspectos genéricos da questão. No encontro, ao qual também esteve presente o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, não houve qualquer menção à informação de que o executivo da Caixa havia entregado extrato bancário ao ministro Palocci", diz a nota.

O ministério reitera ainda que no primeiro dia útil após as divulgações de informações bancárias do caseiro foi aberto inquérito policial por determinação do próprio ministro da Justiça: "As investigações da Polícia Federal estão avançando de forma totalmente independente e esclareceram a participação de servidores públicos no episódio, o que já resultou no indiciamento de duas pessoas". O texto afirma também que o trabalho do Ministério da Justiça e da Polícia Federal "tem sido, ao longo desse governo, marcado pela independência e pela impessoalidade".