Economia solidária é uma resposta da sociedade ao processo da globalização, diz secretário

08/04/2006 - 18h15

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Fabio Sanchez, afirma que 70% dos empreendimentos solidários surgiram nos últimos dez anos. "Economia solidária é uma resposta da sociedade ao processo da globalização", diz ele. Ele trata desse tema neste segundo trecho da entrevista que concedeu à Agência Brasil sobre o Atlas da Economia Solidária, lançado hoje em São Paulo.

Agência Brasil – Quais informações novas esse trabalho revelou?

Fabio Sanchez – Que o número de cooperativas rurais é alto, por exemplo. Foi algo que surpreendeu de certa maneira, que mais da metade dos empreendimentos de economia solidária estão no campo. Outro dado que também nos surpreendeu é que a maior parte está formalizada como associações, depois vêm os grupos informais e as cooperativas propriamente ditas, cerca de 11%. A formalização como cooperativas é a menor parte.

ABr – Vocês tinham na Senaes alguma tese prévia ou expectativa sobre o panorama do setor?

Sanchez – Sim, de que era algo crescente, de que é um fenômeno recente e o mapeamento confirma a nossa hipótese: 70% dos empreendimentos foram criados nos últimos dez anos. Esse período corresponde à crise do desemprego, abertura dos mercados, o que mostra que a economia solidária é uma resposta da sociedade ao processo da globalização.

ABr – Qual é o painel que surge a partir do levantamento final, e o que ele suscita de concreto?

Sanchez – Primeiro, do crescimento nos últimos anos da economia solidária. Nos surpreendeu o volume de trabalhadores envolvidos neles, maior que 1,5 milhão.O que é bastante significativo é que há todos os segmentos de atividades econômicas, desde o metalúrgico, artesanato, culinária, agricultura familiar e são bastante diversos no seu interior. Notamos que embora [os empreendimentos] sejam uma resposta à exclusão social e ao desemprego, eles ainda são bastante frágeis do ponto de vista econômico. Ainda necessitam de instrumentos como crédito. A grande maioria, 60%, fala que eles necessitam é de políticas de comercialização. Os três gargalos são comercialização, crédito e assessoria técnica.