Transporte, saúde e habitação puxam inflação para a terceira idade, aponta FGV

07/04/2006 - 17h25

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil

Rio – Transporte, Saúde e Habitação foram os itens que mais contribuíram para a inflação de 0,82% medida no primeiro trimestre de 2006 para os consumidores da Terceira Idade. A taxa é quase metade da registrada no mesmo período do ano passado (1,79%). Também houve redução na comparação com o índice do último trimestre de 2005 que foi de 1,54%. Os dados do Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) foram divulgados hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os gastos com transportes têm um peso pequeno, cerca de 8%, no orçamento dos idosos, mas o aumento dos combustíveis foi tão alto que influenciou o resultado do IPC-3i. O grupo Vestuário foi a única classe de despesa que recuou no primeiro trimestre de 2006, motivada pelas liquidações de final de estação. A variação de -3,11%, contribuiu para que o primeiro IPC-3i no ano não ultrapassasse os 0,82% apurados no período.

De acordo com o coordenador da pesquisa André Braz, a redução do IPC-3i em relação ao trimestre anterior se deve a índices mais baixos de reajuste nas tarifas públicas. Ele também atribuiu a retração da taxa à desaceleração no preço dos alimentos, principalmente verduras e hortaliças, que tiveram grandes aumentos no início do verão e agora estão com os preços em baixa. A queda no preço do frango no mercado nacional, por causa da gripe aviária no exterior, também contribuiu para o recuo da taxa de inflação da Terceira Idade.

O coordenador das pesquisas lembrou que o reajuste dos medicamentos, autorizado pelo governo federal no dia 31 de março, não foi contabilizado no índice divulgado hoje, o que favoreceu a manutenção da taxa para o trimestre. A repercussão do aumento, no entanto, deve pressionar o índice nos próximos meses. "Nós vamos ter o impacto dos medicamentos. Agora, não sabemos se esse impacto será compensado por novas quedas em itens importantes ou se isso vai ser um peso a mais favorecendo a uma taxa maior já no próximo trimestre", explicou.

O IPC-3i começou a ser calculado pela FGV em janeiro do ano passado para contemplar as diferenças existentes no perfil de consumo da população em geral e da Terceira Idade, grupo social que mais cresce no país. A metodologia da pesquisa é semelhante à utilizada no cálculo do IPC mas o peso das despesas é diferenciado. O item Saúde e Cuidados Pessoais, por exemplo, assume proporção maior no IPC-3i (15,05%) do que no IPC (10,05) pela necessidade de gastos maiores com a manutenção da saúde dos idosos. No caso dos transportes acontece o inverso (8,01% no IPC 3i e 12,05% no IPC), uma vez que indivíduos na idade ativa não contam com o passe livre no transporte público.