Faltam mais de 4 milhões de profissionais da saúde no mundo, diz OMS

07/04/2006 - 14h46

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A falta de mais de 4 milhões de profissionais da saúde no mundo tem um impacto "devastador" na capacidade de vários países de lidar com doenças e promover saúde. É o que afirma o Relatório Mundial da Saúde 2006, divulgado hoje (7), Dia Mundial da Saúde.

O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), intitulado "Trabalhando Juntos pela Saúde" (Working Together for Health), informa que existe um déficit de quase 4,3 milhões de médicos, parteiras, enfermeiras e auxiliares em todo o planeta.

Por conta disso, pelo menos 1,3 bilhão de pessoas está sem acesso aos cuidados médicos mais básicos. A escassez é maior nos países mais pobres, especialmente a África e a Ásia.

Esses países necessitam urgentemente de mais de dois milhões de médicos e enfermeiras, aponta o relatório. No total, 57 países carecem de profissionais de saúde. Destes, 36 ficam localizados na África Subsaariana, parte do mundo mais afetada pela epidemia da Aids.

O relatório destaca as diferenças no acesso à assistência médica. Dos cerca de 59 milhões de trabalhadores de saúde no mundo, quase metade fica nas Américas, onde os países têm em média 24 profissionais para cada mil habitantes. Segundo o relatório, a África concentra 20 vezes menos trabalhadores. Lá, são 2,3 profissionais de saúde para cada mil habitantes.

Para efeitos de comparação, a África, continente que concentra 24% da carga global de doenças, tem apenas 3% dos profissionais de saúde do mundo. Já os países das Américas, que concentram 10% da carga de doenças, contam com 37% dos trabalhadores de saúde.

O relatório da OMS formula um plano de dez anos para lidar com a crise. Ele orienta que cada país aprimore a forma como planeja, educa e emprega médicos, enfermeiras e auxiliares. O texto cita ainda o problema da migração dos profissionais de saúde dos países em desenvolvimento para os países mais ricos, que oferecem salários mais altos.

"O mundo nesse momento está pensando em aprovar resoluções para o chamado recrutamento ético. Significa que não é justo que a Inglaterra chame todos os profissionais que se formam no Caribe sendo que a população caribenha é muito pobre", exemplifica o secretário de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Francisco Eduardo Campos. "A Inglaterra tem que ter muito cuidado ao recrutar profissionais de saúde para não tirar aqueles dos países mais miseráveis do mundo."

A OMS pede no relatório que os países adotem uma política de recrutamento mais ética para profissionais de saúde e ajuda internacional para auxiliar os países mais pobres a formarem profissionais qualificados.