Pesquisa aponta melhora no orçamento das famílias urbanas do Rio de Janeiro

06/04/2006 - 18h21

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – A situação de orçamento, inadimplência e consumo das famílias da região metropolitana do Rio de Janeiro apresentou sensível melhora no último mês de março, em relação ao mesmo mês do ano passado. É o que mostra a pesquisa Perfil Econômico do Consumidor (PEC), divulgada hoje (6) pelo Instituto Fecomércio/RJ.

Segundo a diretora da entidade, Clarice Messer, foi registrada uma sobra no orçamento familiar, cujo percentual subiu de 20,2% em 2005 para 29,5% em março de 2006, acompanhada de redução da inadimplência que tinha se acentuado em fevereiro. O quadro observado pelos técnicos do Instituto Fecomércio/RJ em março mostra, porém, que o aumento da inadimplência em fevereiro era transitório.

"O que nós vimos em março já foi uma redução da inadimplência em todas as faixas de renda familiar. O mesmo aconteceu em relação ao aumento da sobra no orçamento, aliviando o bolso do consumidor nesse mês", disse Messer. Ela explicou que o fator que puxou para baixo o orçamento em fevereiro havia sido a renda até dois salários mínimos. Havia, entretanto, àquela época a percepção de que a ocorrência de eventos como carnaval, férias e verão propiciariam a geração de oportunidade de ganho de renda adicional para essas faixas de renda. "Nós comprovamos que isso de fato aconteceu com os dados de março".

No mês passado, o que aconteceu foi que a faixa de renda de até dois mínimos favoreceu o orçamento. "Compensou o que havia feito em fevereiro, isto é, puxou para cima os dados", analisou a economista. Ela sublinhou que essa sobra não ficou restrita aos dois salários. "Com a inflação em baixa e a tendência de queda dos juros, outras coisas estão acontecendo. Está havendo essa sensação de sobra porque os gastos com subsistência, que são basicamente alimentação, higiene e limpeza, estão deixando alguma coisa a mais para ser usada com outros propósitos porque os preços estão muito bem comportados", esclareceu.

Os juros em tendência declinante contribuem também, segundo Clarice Messer, para que as pessoas façam uma administração inteligente de seus financiamentos. "As pessoas estão substituindo dívidas caras já contraídas por dívidas em condições melhores porque os juros estão permitindo isso e abrem espaço para uma negociação a favor do devedor".

Além do nível de inadimplência ter caído, o acesso a financiamentos aumentou. A inadimplência caiu de 19% para 14,1% no período de 12 meses encerrado em março e o acesso ao financiamento cresceu de 44,6% para 45,8%. "Isso é uma coisa bastante interessante porque, de maneira geral, as pessoas estão tomando mais financiamento, embora isso não esteja representando um aumento de inadimplência". A elevação do acesso a financiamento foi puxada pelo grupo com renda de até oito salários mínimos. "Eu acho que isso é um bom sinal de uma forma geral", avaliou Messer.

Para abril, a economista do Instituto Fecomércio/RJ informou que as sinalizações são favoráveis, "porque tanto os juros quanto a inflação continuarão apontando na mesma direção de queda e isso dá espaço para que, mais uma vez, se tenha um gerenciamento melhor do orçamento".

Ela destacou, entretanto, que esse otimismo é moderado em relação aos próximos seis meses, levando em conta que se trata de um ano eleitoral. "É como se houvesse uma cautela maior, como se existisse uma acomodação de expectativas", disse a economista.