Depois do STF e Congresso, indígenas vão ao Planalto, mas desistem de apresentar reivindicações

06/04/2006 - 20h00

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Líderes indígenas, que participam do 3º Acampamento Terra Livre 2006, também foram ao Palácio do Planalto entregar a Carta de Mobilização Nacional – elaborada na terceira edição do evento – para representantes do Executivo. Segundo informou a assessoria de imprensa do Conselho Missionário Indigenista (Cimi), o grupo de indígenas desistiu de entregar o documento, porque apenas três deles poderiam ser atendidos, e o grupo não aceitou.

Aos representantes do Poder Executivo, os indígenas queriam relatar problemas atuais, como os ligados à saúde, à biodiversidade e à falta de políticas públicas específicas. Segundo Jecinaldo Saramawê, um dos líderes indígenas, os participantes queriam cobrar do governo uma política indigenista "mais coerente e mais digna".

No Congresso, a missão foi cumprida, destacou Jecinaldo. "Saímos de lá satisfeitos", disse. Tanto o presidente do Senado quanto o presidente da Câmara mostraram empenho em criar uma comissão permanente no Congresso Nacional para tratar dos temas ligadas aos povos indígenas. As lideranças indígenas querem que os 105 projetos de lei e propostas de emenda constitucional que hoje tramitam nas duas Casas sejam analisados em uma comissão especial específica para cuidar das questões indígenas.

Desde a última terça-feira (4), cerca de 550 lideranças indígenas – representantes de 86 povos – estão acampados na Esplanada dos Ministérios. O principal objetivo do 3º Acampamento Terra Livre, que faz parte do Abril Indígena, assim chamado por causa das intensas manifestações que ocorrem ao longo deste mês, é discutir formas para garantir os direitos dos povos indígenas. A mobilização termina hoje.