Delcídio nega que fim da CPI dos Correios tenha ferido regimento do Senado

06/04/2006 - 20h10

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), rebateu hoje (6) as declarações feitas pela bancada do seu partido em nota oficial. Os petistas criticam Delcídio por encerrar a CPMI sem votar as alterações em separado. Delcídio também não deu tempo para que fossem lidas as alterações no documento final feitas pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

"Se conhecia muito bem as regras e ninguém reclamou", disse o senador. Segundo Delcídio, as regras de procedimento de discussão e votação do relatório foram encaminhadas a todos os parlamentares da CPMI, titulares e suplentes, na quinta-feira da semana passada.

O parlamentar afirmou que responderá, o mais rápido possível, ao ofício encaminhado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre o que aconteceu efetivamente no processo de votação do relatório final da CPMI. O relato de Delcídio servirá para que Calheiros tome decisão sobre recurso feito pelo PT para que se dê prosseguimento à sessão da comissão e sejam votados as modificações no texto. "Vou fazer um detalhamento de tudo isso. Responderei com a máxima urgência ao requerimento do PT", afirmou o presidente da CPMI.

O senador petista não poupou críticas aos colegas de partido que integravam a comissão. Para ele, foi um erro estratégico do PT consolidar todas as mudanças que pretendia fazer ao relatório de Serraglio num relatório paralelo, ao invés de pontuar estas alterações em destaques próprios."Quem não reflete com serenidade antes de decidir o que vai fazer acaba assim", afirmou o presidente da CPMI.

Com o relatório de Serraglio aprovado e o substitutivo automaticamente anulado, o primeiro destaque que seria colocado em votação seria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que pedia a responsabilização do Presidente da República no caso do "mensalão". Naquele momento, acrescentou o presidente da comissão, a oposição contava com 17 votos, maioria para aprovar qualquer destaque.

Tanto Delcídio quanto o relator acusaram os petistas de tentarem ganhar tempo para encerrar a CPMI sem a aprovação de qualquer relatório. "Recebi no final da tarde da terça-feira 1.098 páginas (relatório paralelo) sem qualquer identificação dos pontos que eles queriam alterar no meu relatório", disse ele. Na quarta-feira, o relator disse ter se reunido com os parlamentares do PT durante praticamente todo o dia e, às 16 horas, uma hora antes do início da votação do relatório, um parlamentar ainda anotava as modificações que estavam sendo consensuadas. "Falei para um deles: eu confio em você, mas tem alguma coisa errada. Vocês estão cozinhando o tempo e me enrolando. Às 17 horas estarei na CPI".