Programa de emergência nas estradas atingiu quase metade da meta, afirma Dnit

05/04/2006 - 17h14

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (Petse), do Ministério dos Transportes, já atingiu 48% da previsão inicial de recuperar 26,7 mil quilômetros de rodovias federais até início de julho. Aí incluídas as operações imediatas de "tapa-buracos" e intervenções mais efetivas como recuperação de trechos e pontes, restauração de pavimento e sinalização horizontal.

Iniciado no dia 9 de janeiro, o programa priorizou a operação "tapa-buracos", com prazo de 90 dias para conclusão, o que acontecerá no próximo domingo. De acordo com informação da assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (Dnit), o prazo será cumprido nas obras emergenciais, e falta bem pouco para concluir os trabalhos do Petse em alguns dos 24 estados beneficiados pelo programa.

Em Tocantins, por exemplo, já foram totalmente recuperados 137,4 km previstos, e as obras já ultrapassam 97% em estradas do Rio de Janeiro, 86% em Goiás e 81% em Minas Gerais. Em outros estados, onde as chuvas foram mais fortes neste início de ano, as obras retardaram um pouco, e no Mato Grosso do Sul e Pará nem começaram ainda.

Ao todo, 12,418 mil – dos 62 mil km de rodovias federais – ganharam obras de melhoramento nesses quase três meses de operação do Petse; em especial nos estados do Centro-Sul, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. As intervenções mais demoradas prosseguem por mais três meses, beneficiando estradas federais dos demais estados, e o Ministério dos Transportes estima gastos totais de R$ 407,5 milhões.

O governo comemora a execução das obras, em razão da urgência que demandavam para recuperação do piso asfáltico em algumas estradas. Mas a execução em si tem recebido críticas de especialistas em logística de transportes, como o representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na Câmara Temática de Infra-Estrutura e Logística do Ministério da Agricultura, o economista e ex-deputado federal Luiz Antonio Fayet.

Preocupado com a perda de parte da safra agrícola, por causa do mau estado das rodovias, que concorre também para o encarecimento dos fretes, ele disse que há muito tempo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, vêm advertindo o governo para os custos que isso representa no escoamento da produção, o que torna os produtos brasileiros mais caros para o consumo interno e menos competitivos no exterior.

Coordenador da área de corredores de exportação, na câmara temática do ministério, Luiz Fayet enfatiza que as rodovias estragadas necessitam de recuperação completa, desde a estrutura de base. Essa operação "tapa-buracos", segundo ele, "é a demonstração clara da irresponsabilidade com que o assunto vem sendo tratado nos últimos anos. Ademais, o trabalho foi iniciado na hora errada, por causa das chuvas, e de maneira errada, pois parte das operações feitas já se perderam".

O diretor-geral do Dnit, Mauro Barbosa, rebate a crítica e diz que efetivamente houve atraso no início das obras em algumas regiões, por causa das chuvas; e em outras localidades aconteceram fortes chuvas depois da realização de obras, com conseqüente deterioração. Mas os trabalhos foram refeitos, ou estão em vias de conclusão, e onde quer que exista comprovação de serviço mau executado será totalmente corrigido dentro do prazo de seis meses do Petse, enfatizou.
Segundo Mauro Barbosa, as obras foram iniciadas pelos trechos mais críticos, e à medida que esses trabalhos forem sendo concluídos, os demais trechos já licitados anteriormente serão atacados. "Ao final do programa, todas as estradas que sofreram intervenção terão a cobertura de contratos de manutenção para garantir que rodovias continuem em bom estado de conservação por muito mais tempo", concluiu.