Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A agricultura camponesa passará por uma crise muito grave se o governo não rever as políticas voltadas para o setor. A afirmação é de um dos diretores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Altacir Bunde. Hoje (5), representantes do movimento se reuniram com uma equipe do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para tratar do problema e apresentar a pauta de reivindicações do ano.
"É de conhecimento já de toda sociedade que a agricultura camponesa vai passar por uma crise muito grande, provocada principalmente pela opção que o governo fez ao apoiar um modelo que também está falido, que é o agronegócio, e de não realizar a reforma agrária de modo efetivo e por causa da política econômica. Esse modelo vai deixar um custo alto para o povo brasileiro e nós ainda não sabemos o tamanho", argumentou.
De acordo com o diretor do MAP, os pequenos agricultores querem a renegociação das dívidas, o enquadramento da família camponesa como segurada especial da Previdência Social, que o governo retome o controle dos preços agrícolas e garanta a comercialização dos produtos. Além disso, o movimento reivindica crédito para a mudar o modelo de produção, a redução de 30% no preço da energia pelos pequenos produtores e a adoção de uma política leiteira.
"Nós viemos trazer a nossa preocupação sobre a necessidade de construir um caminho desde agora para que, quando chegar maio e junho, nós tenhamos uma solução para o problema, porque é grave e nós precisamos desde agora resolve-lo", afirmou Altacir Bunde.
De acordo com Bunde, o governo também está bastante preocupado com a situação, assim como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que segundo ele, teria se posicionado de maneira bastante favorável em relação ao alerta e à reivindicação dos pequenos produtores. "Ele [o ministro] tem a compreensão de que a crise de fato existe e tende a se agravar ainda mais. Ele reconhece o problema."
Altacir Bunde acrescentou ainda que "os pequenos agricultores esperam que o governo apresente uma solução para que se possa garantir a permanência deles no campo, com renda e com qualidade de vida, e para que amanhã ou depois nós não tenhamos que inchar mais as favelas das grandes cidades".
