Entenda como funcionam os tubos de calor que Marcos Pontes testou no espaço

05/04/2006 - 21h36

Flávio Dieguez*
Enviado especial

Moscou – Os mini tubos de calor são apenas uma placa de metal de 10 por 5 centímetros sobre a qual foram soldados, paralelamente, com pequeno espaço entre eles, sete tubinhos de cobre da extensão da placa. Dispostos um do lado do outro, os tubos tem 5 centímetros de largura e menos de 0,5 milímetro de espessura. Sobre os tubos, foi colada outra placa, como um "sanduíche". Com água dentro, a caixinha é fechada.

Se tudo correr bem, o calor irá entrar por um lado da placa, espalhando-se. Isso basta para eliminar o superaquecimento, diz a pesquisadora Márcia Mantelli. "E não é preciso ventoinhas para levar o calor de um lado para o outro".

É que dentro dos tubos existe uma espécie de esponja com água, e quando a água esquenta de um lado, ela corre para o outro. Aí resfria e tende a voltar para o lado anterior, que ficou seco. Esse vai-e-vem é constante e, se der certo, depois de começado, não pára mais.

O problema básico é saber se, no espaço, a água conseguirá correr de volta para o lado seco. Isso depende de um efeito chamado capilaridade, na qual a água tende a escorrer por si mesma quando está em uma superfície rugosa. Os tubinhos de Matelli são assim: ficam rugosos por dentro, por causa da solda, e podem funcionar como uma esponja, carregando a água de cá para lá. É fácil perceber a capilaridade: encostando o dedo numa gota de água, a gota gruda no dedo. A dúvida é se no espaço, sem gravidade, ocorre o mesmo.

* A viagem do enviado especial Flávio Dieguez é resultado de parceria entre a Radiobrás e o Ministério da Ciência e Tecnologia.