Tarso Genro diz que governo quer diálogo com OAB sobre "críticas severas"

04/04/2006 - 16h43

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, participou hoje (4) de uma sessão do conselho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Durante a sessão, Tarso recebeu pedidos de apoio a questões ligadas à formação dos advogados e críticas em relação ao relacionamento de governantes com a Ordem. De acordo com o ex-presidente da entidade, Reginaldo de Castro, "todos os governos sem exceção nos vêem como inimigos no dia seguinte à posse".

Tarso disse que o seu ministério está de portas abertas para receber o presidente e os representantes da OAB, para "discutir suas críticas, tendo um diálogo transparente". "Nós estamos dispostos e queremos aprofundar a nossa relação com a OAB", afirmou. O novo ministro reconheceu que a Ordem tem "sugestões e críticas vigorosas que a OAB" ao governo, "de maneira fundamentada".

Após o discurso, em entrevista à imprensa, Tarso também falou sobre a possibilidade do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, depor no Congresso Nacional sobre um possível envolvimento na violação de sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa. "Não há fundamentação, fato ou lace que revele qualquer indício da participação do ministro", afirma seu colega.

Partidos da oposição entraram com dois requerimentos no Congresso Nacional para que Bastos seja convocado a prestar esclarecimentos. Isto porque assessores do ministro da Justiça foram à casa do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci no dia em que a conta do caseiro foi entregue pelo ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Matoso, à Palocci.

"O que o ministro tem demonstrado e demonstrou enquanto ministro da Justiça é que, via polícia federal, não só investigou tudo o que foi denunciado, como também, neste episódio particular, iniciou e está fazendo uma investigação severa", defendeu Tarso, que participou da sessão plenária do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Para o presidente da OAB, Roberto Busato, o ministro Márcio Thomaz Bastos "tem que agir com transparência". "Se entender que isso seja necessário, estará ajudando a defender a sua biografia de homem democrata, republicano, um ex-presidente da OAB que sempre foi um homem muito transparente nas suas coisas", afirmou.

Busato acrescentou que a postura do ministro vai definir os rumos que devem ser tomados. "Ao momento que for absolutamente transparente a sua postura em relação à crise que atingiu moralmente o ministro Palocci, poderá definir ou não o fim desta suspeita que lhe recaiu".