Serraglio diz que alguns pontos do relatório da CPI são ''inegociáveis''

04/04/2006 - 14h05

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A discussão em torno do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos (CPMI) dos Correios pode adiar a votação do documento, marcada para hoje (4). A expectativa é do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da comissão.

Na reunião desta manhã, o Partido dos Trabalhadores apresentou um voto em separado que modifica algumas partes do relatório final de Serraglio. O deputado afirmou que pode fazer algumas alterações no documento. Mas, alguns pontos, segundo ele, são "inegociáveis".

Entre eles, a manutenção dos pedidos de indiciamento dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken e as referências sobre antecipação de recursos do Banco do Brasil, pela Visanet, para o chamado "valerioduto".

Além disso, Osmar Serraglio diz não acreditar que todo esquema de repasse de recursos de Marcos Valério para parlamentares seja apenas caixa 2. "Estou convencido de que os parlamentares foram efetivamente pagos com aqueles valores, para aqueles fins: alimentação de um sistema que era para manter a base aliada", afirmou o relator da CPI dos Correios.

Ele teme que não seja votado um documento final da comissão. "Acho que ainda há tempo para refletir. Se quiserem fazer opção por caixa dois, eles que arrumem votos para isso. Meu medo não é isso. Vão derrubar o meu, e já dizem que não tem votos para o deles. Como quem diz assim: não vai ter relatório. Aí, é muito triste."

Para o relator, a possível votação de um relatório paralelo é um "péssimo sinal". "O PT perdeu oportunidade de ter aprovado isso sem esse estardalhaço. Porque estão insistindo que o mensalão não existe?", questionou Serraglio.

O deputado ACM Neto (PFL-BA), sub-relator para Fundos de Pensão, disse que oposição pretende votar com o relator. "Fechamos questão de apoio irrestrito", afirmou.

Pelo regimento, os deputados e senadores deverão votar primeiro se aprovam ou não o relatório de Serraglio. Se o documento for derrubado, o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), deverá escolher um relator do vencido, que apresentará novo documento.