Rio Madeira volta a subir no sul do Amazonas, região mais afetada pela cheia antecipada

04/04/2006 - 13h25

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus – O rio Madeira voltou a subir em Manicoré, no sul do Amazonas, município até agora mais afetado pela cheia antecipada (em geral, ela costuma acontecer no fim de abril). De ontem (3) para hoje, o nível da água passou de 25,62 para 25,64 metros. Com a elevação, o nível ficou cinco centímetros acima da cota de emergência estipulada pelo Serviço Geológico do Brasil (antiga Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais, ainda conhecido pela sigla de CPRM).

Em Porto Velho (RO), mais próximo à cabeceira do Madeira, o rio recomeçou a encher há dez dias, mas em ritmo desacelerado. Hoje, porém, a taxa de crescimento voltou a subir: de domingo para segunda-feira, foram dois centímetros; hoje, oito centímetros, o que elevou o nível do rio na cidade para 15,38 metros. Os dados foram fornecidos à Radiobrás pelo supervisor de Hidrologia da CPRM, Daniel Oliveira. Desde a década de 60, o órgão monitora o nível dos rios da Bacia Amazônica.

Hoje, o secretário da Defesa Civil Estadual, tenente coronel Roberto Rocha, retificou as informações repassadas ontem pela Agência de Comunicação do governo do Amazonas. Segundo ele, apenas em Manicoré foi decretado estado de calamidade pública – Humaitá e Pauini ainda estão em situação de emergência.

Ele confirmou, no entanto, que na última semana o governador Eduardo Braga assinou um convênio com as prefeituras dos três municípios, repassando o total de R$ 250 mil para compra de medicamentos, alimentos e combustível. Nessas regiões, duas mil famílias que vivem em 190 comunidades rurais localizadas na beira de lagos e igarapés tiveram sua produção agrícola totalmente encoberta pelas águas.

Rocha informou ainda que outro município, Borba, está em situação de emergência e que outros três estão em situação de alerta: Novo Aripuanã, Manacapuru e Coari. "São 25 municípios que a gente monitora mais de perto [ o estado tem 62 municípios ], porque historicamente eles sofrem mais com as enchentes", disse. "Um dos problemas é que a maior parte das prefeituras não possui coordenadoria municipal de defesa civil e, assim, não podem receber recursos estaduais nem federais para auxiliar no socorro às vítimas".