Ex-militante petista reafirma acusações contra presidente do Sebrae

04/04/2006 - 14h44

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ex-militante petista, Paulo de Tarso Venceslau, disse hoje (4), no início da acareação com o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que irá reafirmar as denúncias feitas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos.

Venceslau acusa Okamotto de ser o articulador de um esquema ilícito de arrecadação para o Partido dos Trabalhadores. A acareação entre os dois começou por volta de 11h45 e não previsão de término.

"Ele (Okamotto) circulava pelas prefeituras do PT para obter o nome de empresários e fornecedores para levantar dinheiro para o partido", disse Venceslau, na CPI. Okamotto rebateu as denúncias. Para ele, as acusações misturam fatos com opiniões pessoais de Venceslau.

"É difícil imaginar que uma figura circule nas prefeituras do PT em busca de lista de fornecedores", destacou o presidente do Sebrae.

Paulo de Tarso Venceslau contou que, em 1993, denunciou a Okamotto irregularidades envolvendo a Consultoria para Empresas e Municípios (Cpem), que prestava serviços a diversas prefeituras do partido.

Segundo o ex-militante petista, o esquema era operado por Roberto Teixeira, compadre a amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Venceslau afirmou ter procurado Okamotto para falar sobre as irregularidades por saber das relações dele com Lula, então presidente de honra do partido.

"Okamotto era o porta-voz do Lula", ressaltou. De acordo com ele, o interesse em denunciar o esquema estava baseado no próprio estatuto do PT de que qualquer irregularidade deve ser relatada a dirigentes. "Era questão de princípio partidário", destacou.

Venceslau disse que chegou a ter uma reunião com Lula e Okamotto para tratar sobre o assunto.
De acordo com o ex-militante petista, uma das finalidades do esquema de arrecadação de dinheiro era ajudar financeiramente a Caravana da Cidadania, criada para trabalhar na campanha eleitoral.

Durante a acareação, Venceslau leu por várias vezes trechos do relatório elaborado pelo Conselho de Ética do PT sobre o assunto. Disse ainda que Okamotto foi um dos responsáveis pela sua exoneração do cargo de secretário de finanças de São José dos Campos (SP).

"Eu não tinha autoridade para pedir demissão de ninguém", rebateu o presidente do Sebrae, que aponta a inexistência de provas nas denúncias de Venceslau. De acordo com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o relatório do Conselho de Ética não apresenta comprovações para as irregularidades inicialmente apontadas.