Alunos acompanham trabalho de astronauta realizando os mesmos experimentos na Terra

04/04/2006 - 16h08

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As duas experiências escolares levadas pelo astronauta Marcos Cesar Pontes à Estação Espacial Internacional (ISS) começaram a ser montadas em dezembro do ano passado. Enquanto o astronauta estiver realizando os experimentos no espaço, os alunos também vão desenvolvê-los nas escolas.

Os resultados serão comparados ao fim das experiências do astronauta e dos alunos. Pontes começou a desenvolver o experimento de germinação de sementes de feijão no sábado (1°). Vinte sementes de feijão germinarão a bordo da ISS. Elas foram acondicionadas em quatro sacos plásticos transparentes hermeticamente fechados, cada um com cinco sementes.

A germinação será testada sob diferentes condições de luminosidade e de disponibilidade de água. "Para dar início ao processo de germinação das sementes, elas têm que entrar e contato com água", explica Elisa Farinha Saeta, que é coordenadora de Ciências da Secretaria Municipal de Educação e está na coordenação dos dois experimentos com os alunos de 1º grau.

Por meio de uma seringa, o astronauta liberou água para o processo de germinação começar. "Ele vai acompanhar com fotos esse processo durante sete dias", conta a coordenadora. Segundo ela, o objetivo é observar a influência da microgravidade na germinação das sementes.

"Aqui na Terra, por exemplo, quando a semente começa a germinar e começa a nascer a estrutura que vai dar origem à raiz, ela cresce sempre em direção à terra, porque ela é atraída pela força da gravidade", explica. "E a parte aérea da planta, a estrutura que vai dar origem ao caule e às folhas, cresce em direção da luz, ao contrário do sentido da gravidade. Mas, no espaço, elas não vão estar sob influência da força da gravidade, estão vamos ver em que direção ela vai crescer."

De acordo com a professora, a idéia é que os alunos plantem as sementes que germinaram a bordo da ISS quando os experimentos retornarem à Terra. Para comparar o andamento da pesquisa com o feijão no espaço, Marcos Pontes vai tirar fotografias do experimento diariamente. As fotos ficam na página da Missão Centenário, que pode ser acessada pelo endereço www.aeb.gov.br.

Já o experimento de cromatografia da clorofila, também realizado por alunos do 1º grau, foi desenvolvido pelo astronauta no domingo (2). Pela técnica, ele separou os pigmentos contidos no extrato de couve. "Normalmente, todo mundo acha que, por serem verdes, todas as plantas têm só a clorofila, mas elas têm outros pigmentos", diz a professora.

De acordo com Elisa, esse experimento não voltará para as escolas. Os alunos terão acesso ao resultado desse experimento por meio de fotografias. "Nesse caso, ele [o astronauta] não volta com o material, porque esses pigmentos podem continuar subindo na placa depois de um tempo, então ele perde um pouquinho a função".

Para a coordenadora dos projetos, os resultados dos experimentos são importantes, mas não são o objetivo principal. "É claro que vamos usar ao máximo os resultados que a gente tiver para comparar espaço e Terra, mas o resultado em si é um detalhe. A gente está valorizando mais esse processo de os meninos levantarem as hipóteses, do que pode acontecer lá [na ISS], do que pode acontecer aqui, e depois tirarem as conclusões, porque isso é que é fazer ciência".