Aluno diz que criação de experimento permitiu "participar da viagem de um brasileiro ao espaço"

04/04/2006 - 15h21

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Há cinco meses, dúvidas sobre o futuro profissional faziam parte do cotidiano do estudante da 8ª série do ensino fundamental Renato Akira Nagamatsu, 13 anos. Hoje, o aluno da escola municipal Maria de Melo, de São José dos Campos, interior de São Paulo, não hesita ao responder que decidiu se dedicar à área de ciência e tecnologia.

Renato é um dos cerca de 1,9 mil estudantes de quatro escolas públicas de São José dos Campos responsáveis por dois dos oito experimentos que o astronauta Marcos César Pontes levou à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Em cada escola, foram selecionados quatro alunos para acompanhar os projetos de perto e, na Maria de Melo, Renato foi escolhido para fazer parte do grupo. Para o estudante, os alunos estão orgulhosos porque, por meio desses experimentos, têm a oportunidade de participar da primeira viagem de um brasileiro ao espaço.

"A gente brincava quando era pequeno de ser astronauta, mas era uma coisa muito distante, e hoje está um pouquinho mais perto da gente essa realidade, diz ele. "Esse projeto incentivou bastante, não só eu, mas todo mundo que está participando, todo mundo quer ser um pouquinho astronauta."

A professora Elisa Farinha Saeta coordena os projetos em parceria com o professor José Catalani. Segundo ela, um dos principais resultados é a motivação dos alunos. "Eles estão envolvidos, supervalorizados, com orgulho de representar o país, de participar desse momento histórico".

Elisa conta que a participação na missão espacial mobilizou não apenas os estudantes, mas toda a comunidade escolar. "A gente divulgou o projeto para outras escolas da rede municipal de São José dos Campos, então outras escolas também estão acompanhando, montando experimento com os alunos".

As duas experiências escolares, de germinação de sementes de feijão e de cromatografia da clorofila, começaram a ser montadas em dezembro do ano passado. As outras seis são de universidades e centros de pesquisa brasileiros. Todos os experimentos serão estudados em ambiente de gravidade próxima de zero (microgravidade).

"É isto que é mais legal ainda: perceber que o país está valorizando experimentos de instituições de pesquisa, investindo em novas tecnologias, mas também está valorizando essa questão de investir nos jovens. Experiências desse tipo podem mudar a história de um jovem que está em formação", comemora a professora.