Transpetro descarta compra de navios ''a qualquer preço'' para modernizar frota da Petrobras

03/04/2006 - 18h55

Rio, 3/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Transpetro, Sergio Machado, disse hoje que a estatal não vai comprar navios a qualquer preço, dentro do programa de modernização e expansão da frota do sistema Petrobras.

"Só vamos aceitar dar o nosso pedido dentro do preço justo e da visão da curva de aprendizado, de forma que, a cada navio, possamos reduzir o preço e o Brasil possa ser competitivo nesse setor", afirmou Machado, em encontro com empresários da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro. Segundo ele, o objetivo do programa é alavancar a indústria naval nacional de grande porte.

"Se o Brasil tiver 3% do mercado mundial de construção de navios de grande porte, da ordem de 1,3 mil embarcações anuais, estamos falando de 50 navios por ano", disse Machado. "Isso já dá uma base para começar uma indústria competitiva", para que o país retorne à posição que tinha na década de 70, quando chegou a ser o segundo entre os maiores fabricantes de navios do mundo, depois do Japão, afirmou. Atualmente, o mercado é dominado pela Coréia e pelo Japão.

Machado acredita que o Brasil tem condições de voltar a ser um dos líderes da indústria naval de grande porte. "Hoje, temos quase todos os itens que podem ser fabricados no Brasil de forma competitiva, dependendo da demanda", observou. Cerca de 66% dos componentes podem ter produção local, mas não basta isso, ressaltou. "Tem que ter também custo competitivo. Tem que haver sempre o esforço de custo de produtividade, de custo de competitividade, para que se possa construir no Brasil essa indústria mundial", afirmou.

O presidente da Transpetro destacou o interesse demonstrado por países vizinhos em construir navios de grande porte no Brasil. Ele se referia à notícia divulgada pelo Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval) de uma possível encomenda de 36 navios petroleiros feita pela estatal da Venezuela (PDVSA) a estaleiros brasileiros. "É uma coisa que está ressurgindo. O setor está se mexendo. E acho que cada vez mais temos que ficar juntos, lado a lado", disse.

Para Machado, o programa de modernização e expansão da frota do Sistema Petrobras deverá economizar US$ 1,2 bilhão por ano em fretes para o país. "O Brasil precisa mais do nunca ter a sua independência naval", afirmou Machado. Segundo ele, o conteúdo de nacionalização no programa atinge 70%.

O programa abriu, no dia 16 de janeiro, as propostas técnicas e financeiras dos estaleiros, e a lista dos habilitados para construir os 26 primeiros navios foi divulgada no dia 10 de fevereiro. Os competidores é que definirão os lotes que vão ganhar, de acordo com as condições oferecidas, explicou Machado. "Isso não pode ser uma decisão política. É uma decisão empresarial, e cada estaleiro tem que assumir o seu risco. Isso faz parte do negócio".

As propostas de preços foram abertas em 10 de fevereiro e 14 de março. Agora, a Comissão de Licitação da Transpetro está em processo de negociação com todos os grupos que participam da licitação.