MAB acusa polícia mineira por destruição da Cemig

03/04/2006 - 19h26

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Cerca de 600 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) planejavam ocupar o prédio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para discutir o preço da energia, quando foram surpreendidos e reprimidos pela Polícia Militar. Neste momento, foram surpreendidos pela polícia, que iniciou o quebra-quebra na empresa, conta uma das coordenadoras do MAB, Sônia Carneiro Oliveira.

"A polícia reprimiu a manifestação. Empurrou os trabalhadores para dentro da Cemig, quebrando os vidros. Há várias pessoas machucadas. Eles fizeram no sentido de dar a entender que foi o movimento que fez esse processo", declarou Oliveira.

A coordenadora do MAB disse que, ao mesmo tempo em que a PM reprimia o movimento na Cemig, policiais teriam agido de forma violenta contra professores e estudantes que se encontravam na Praça Sete. "É de uma violência que nós nunca vimos", disse.

Segundo ela, o saldo, do lado dos manifestantes, foi de mais de 30 pessoas feridas, três delas em estado grave. Ela afirmou também que 20 pessoas foram presas durante o protesto.

Dois policiais também ficaram feridos. De acordo com Sônia Carneiro, eles também teriam sido agredidos por outros policiais. "A polícia saindo batendo em quem apareceu, porque os trabalhadores não tinham arma alguma . Eles fizeram os trabalhadores tirarem os paus das bandeiras. Ninguém podia sair com nada daqui. Então, eles mesmo espancaram uns aos outros".

As manifestações faziam parte da marcha contra o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que realizou hoje em Belo Horizonte a abertura da sua 47ª reunião.

O relator nacional para os Direitos Humanos à Alimentação Adequada, Água e Terra Rural, Flavio Valente, está em Belo Horizonte e acompanha o caso. Em nota, Valente afirmou que os governos municipal e estadual têm responsabilidade pelo que aconteceu. "As manifestações contra o BID não são por acaso", afirmou no documento. "O banco está envolvido com o financiamento de projetos que deslocam famílias e violam direitos humanos. Os movimentos sociais têm o direito de se manifestar e apresentar ao banco suas reivindicações, e isso deveria ser do interesse do próprio banco, inclusive".

Segundo ele, "quando o poder público se nega a oferecer espaços para os movimentos se reunirem e a abrir diálogo com eles, estas situações graves podem ocorrer. E é inaceitável o uso de violência por parte do Estado contra os movimentos sociais, sob qualquer alegação".