Empresa russa aposta na comercialização da Estação Espacial

03/04/2006 - 13h20

Flávio Dieguez
Enviado especial

Moscou (Rússia) - As formas de financiamento da atividade espacial têm sido tema de debate entre o governo e as empresas russas. A empresa Energia (pronuncia-se Enérguia), responsável pelo vôo do astronauta brasileiro Marcos César Pontes, defende que projetos russos para a Estação Espacial Internacional (ISS) não dependam de recursos públicos.

Para a companhia, as viagens podem ser sustentadas com recursos privados, por meio da captação de capital na bolsa ou em bancos, por exemplo. A realização de outras experiências, semelhantes às realizadas por Pontes nesse momento, fazem parte dos planos russos.

A aposta na Estação Espacial Internacional foi reafirmada pelo presidente da Energia, Nicolái Sevastianov, logo após chegada da Soyuz no dia 31 de março. Sevastianov comentou as dúvidas expressadas por representantes da Europa Ocidental. O Conselho Ministerial Europeu ainda não teria decidido se vai ou não participar dos projetos da ISS este ano.

Para o presidente da Energia, está claro para todos os financiadores da Estação Espacial que os recursos públicos são insuficientes para sustentar os projetos espaciais, perfeitamente viáveis do ponto de vista comercial.

"Essa é a nossa posição e estamos trabalhando para convencer nossos parceiros disso", revelou Sevastianov, que em conversa com jornalistas brasileiros reafirmou sua confiança na economia espacial. "Ela está crescendo muito rapidamente, acima das taxas do resto da economia."

Em outubro do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um acordo de cooperação com a Rússia que permitiu a viagem de Marcos César Pontes ao espaço por menos da metade do valor normalmente cobrado para esse tipo de vôo, ou seja, US$ 10 milhões.

Estão incluídos nesse cálculo custos com o treinamento do astronauta, com o vôo até a estação, o transporte da bagagem do brasileiro e o canal de voz usado para manter contato com o Brasil durante a missão.

A viagem do enviado especial Flávio Dieguez é resultado de parceria entre a Radiobrás e o Ministério da Ciência e Tecnologia.