Economistas estão mais otimistas sobre redução dos juros, revela pesquisa

03/04/2006 - 11h30

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Os economistas do setor privado estão mais otimistas sobre a redução da taxa básica de juros (Selic), em virtude de a inflação estar sob controle e de não haver sinais de curto e médio prazos que pressionem os preços, nem aqui, nem no exterior. Além disso, o país precisa criar condições de investimento no setor produtivo para gerar mais empregos e atender, com folga, o consumo interno.

As condições para o reaquecimento da economia foram sinalizadas, na semana passada, pelo relatório trimestral de inflação, divulgado pelo Banco Central, e fortalecidas pela redução da taxa de juros de longo prazo (TJLP), de 9% para 8,25%, na reunião que o Conselho Monetário Nacional (CMN) realizou na última sexta-feira. Por isso, os agentes financeiros acreditam que a taxa básica de juros também cairá mais que nas projeções anteriores.

De acordo com uma centena de analistas de mercado e de instituições financeiras ouvidos pelo BC na última sexta-feira, a taxa Selic, hoje de 16,50% ao ano, deve cair para 15,75% na reunião que o Comitê de Político Monetária (Copom) terá nos dias 18 e 19 deste mês. Se isso se concretizar, será a quarta queda seguida de 0,75 ponto percentual, com possibilidade de a taxa cair para até 14,13% no final do ano. A aposta anterior era em 14,25%.

Isso em um cenário de mercado no qual a cotação do dólar norte-americano não ultrapasse R$ 2,20 no encerramento de 2006, e caia, em 2007, da projeção anterior de R$ 2,38 para R$ 2,34. Essa perspectiva concorre para que os demais indicadores da economia permaneçam estáveis, em relação ao boletim Focus da semana passada. A única exceção se refere ao crescimento da produção industrial, que passa da estimativa de 4,21% para 4,27%.

A pesquisa do BC mantém há 48 semanas o prognóstico de que o Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas produzidas no país – crescerá 3,50% neste ano, e projeta redução de 3,65% para 3,60% na comparação semanal para o PIB de 2007. Conseqüentemente, não muda as previsões de relação entre dívida líquida do setor público (DLSP) e PIB. A relação, hoje de 51,7%, deve cair para 50,50% no final deste ano e para 49% em 2007.

De acordo com o boletim Focus, o saldo da balança comercial (exportações menos importações) será mesmo de US$ 40 bilhões neste ano, o que vai possibilitar saldo de conta corrente de US$ 9 bilhões com o exterior, depois de contabilizadas todas as transações comerciais e financeiras.

Teremos, portanto, o quarto ano seguido de superávit nas contas externas, e os economistas sinalizam para novo saldo positivo também em 2007. Só que bem menor, no patamar de US$ 4,39 bilhões (contra previsão de US$ 4,62 bilhões na pesquisa anterior), por causa da menor perspectiva de saldo na balança comercial, que cai da projeção anterior de US$ 36,05 bilhões para US$ 35 bilhões no ano que vem.