Para especialista, resultados do Mercosul dependem de desempenho econômico do Brasil

01/04/2006 - 10h29

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O desempenho econômico do Brasil reflete diretamente nos resultados do Mercosul. A avaliação é do professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Argemiro Procópio Filho. "O Brasil é a maior economia dentro do Mercosul. Se o Brasil vai mal, o Mercosul também está mal", afirmou Procópio.

Desde a criação do bloco econômico que conta também com a participação da Argentina, Paraguai e Uruguai, os países integrantes cresceram dentro ou abaixo da média dos vizinhos latino-americanos. Entre 1991 e 2004, o crescimento médio brasileiro foi de 2,5%, do Paraguai, 1,5%, da Argentina, 3,2%, e do Uruguai, 2,1%. Nesse mesmo período, a América Latina e o Caribe, em seu conjunto, cresceram 2,8%, sendo que o Chile cresceu ao ritmo médio de 5,4% anuais.

"Somos a maior economia, o país com a maior população. E o Brasil está com um crescimento extremamente medíocre. Então, nesse ponto, infelizmente, o Brasil puxou o Mercosul para trás", avaliou o professor em entrevista à Agência Brasil.

Outro fator para o fraco desempenho comercial do Mercosul nos 15 anos de existência, segundo Procópio, é a falta de apoio aos países com economias menores - Paraguai e Uruguai. O professor ressaltou que o investimento feito pelos países fortes da União Européia em países como Espanha e Portugal foi fundamental para o crescimento do bloco. "Numa família não pode ter um membro muito pobre", destacou.

Para Procópio, a diplomacia dos países do Mercosul precisa ser mais propositiva. "A diplomacia teria que fazer um mea culpa nesses 15 anos porque o Mercosul deveria estar muito mais avançado do que está".