Mercosul não pode se restringir à integração comercial, defende professor

01/04/2006 - 10h29

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O professor titular do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Argemiro Procópio Filho defende que o Mercosul precisa dar mais atenção à integração em outras áreas além da comercial, como a institucional e a cultural.

"Foi um equívoco do Mercosul, em grande parte da sua vida, ter praticamente focalizado mais o aspecto econômico, esquecendo os aspectos jurídico, cultural e político", disse em entrevista à Agência Brasil. O bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai completou 15 anos de existência no dia 26 de março.

Segundo Procópio, é preciso também que os países elaborem uma política conjunta de reformas estruturais. "Temos que ter também padrões não apenas comerciais, mas também uma justiça que funcione para os quatro países", exemplificou. A unificação nos processos poderia facilitar, na avaliação do professor, o combate ao crime organizado. A integração das polícias e da legislação nessa área também.

O professor acrescentou que é necessário maior aproximação na área educacional, com a unificação dos currículos e o reconhecimento de diplomas entre as universidades. Outras áreas como ciência e saúde também devem se tornar prioritárias. Projetos de desenvolvimento de tecnologia de ponta e de combate e prevenção contra doenças devem ser adotados em parceria, segundo Procópio. "O combate a certas doenças só do lado da fronteira não adianta nada".

Os países também devem formar parcerias para enfrentar as desigualdades sociais. "Essa contradição social, essa diferença social brutal aqui dentro do Brasil também atrapalha o Mercosul", comentou.

A formação do bloco também representou avanços significativos, como o livre trânsito de cidadãos entre os países sem a necessidade de apresentar passaporte. Segundo Procópio, o sucesso do bloco poderá ser medido pelos efeitos para a população. "No momento em que o povo começar a receber os benefícios dessa integração, significa que o Mercosul estará indo muito bem", concluiu.