Mata Atlântica terá plano de combate ao desmatamento

01/04/2006 - 12h20

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil

Curitiba - O lançamento do Plano de Combate ao Desmatamento da Mata Atlântica, a assinatura da portaria que cria o Grupo de Trabalho do Pampa e a adesão à iniciativa global de espécies invasoras estão entre os principais compromissos assumidos pelo Brasil durante a 8ª Conferência da Partes (COP-8) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

O encontro levou a Curitiba delegados de 188 países com a missão de discutir alternativas para reduzir a perda de biodiversidade no mundo nos próximos anos. Entende-se por biodiversidade a variedade de vida na terra, constituída pelas variedades inter-espécies, entre espécies e de ecossistemas. Também refere-se às relações entre os seres vivos e o seu meio ambiente, conjunto de plantas, animais, microrganismos e ecossistemas que sobrevivem na natureza – estimado em mais de 10 milhões de espécies.

A exemplo do que se faz na Amazônia, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) monitorará a Mata Atlântica por satélite. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desenvolverá e fornecerá imagens de desmatamentos, facilitando a intervenção da fiscalização.

Ficou decidido que a execução desse plano é urgente, uma vez que restam apenas 7% da configuração original do bioma. E mesmo que 93% da Mata Atlântica tenham desaparecido, alguns setores insistem em continuar desmatando.

Maior floresta tropical do Brasil depois da Amazônia, a Mata Atlântica é um dos cinco principais biomas do planeta. Seus ecossistemas concentram a maior biodiversidade de espécies por hectare. São cerca de 10 mil espécies, riqueza que fez com que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarasse esse bioma Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade.

O plano foi elaborado por um grupo de trabalho do Ibama, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e participação da sociedade civil.

Um grupo de trabalho sobre o pampa foi criado com o objetivo de estudar e propor políticas voltadas para esse bioma. Ele será composto por nove representantes do governo federal, do governo do Rio Grande do Sul e de prefeituras, e nove da sociedade civil. Uma das organizações não-governamentais convidadas foi o Grupo Transdisciplinar de Estudos Ambientais Maricá, O pampa é uma região com grande biodiversidade: tem mais de três mil espécies – 400 tipos de gramíneas, 350 tipos de árvores e 90 tipos de mamíferos.

O levantamento do pampa deverá estar concluído até julho. Dos 700 mil quilômetros quadrados do pampa, apenas 176 mil estão no Brasil – 63% no Rio Grande do Sul. O restante fica na Argentina e no Uruguai.

O Brasil comunicou, durante a conferência, sua iniciativa de mapear as espécies de animais e plantas exóticas invasoras. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), tais espécies dão prejuízo de US$ 1,4 trilhão, sendo a primeira causa da redução de biodiversidade em ilhas e a segunda nas demais regiões do mundo. Essas espécies devoram 5% da economia global, conforme especialistas. Entre os invasores estão principalmente arbustos, aves, peixes, árvores, répteis, anfíbios e vírus exóticos. Poucos são os países que desenvolvem programas de controle dessas pragas em larga escala.