América Latina é o "elo débil" do imperialismo norte-americano, diz sociólogo português

05/02/2006 - 12h31

André Deak e Daniel Merli
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Néstor Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, Michelle Bachelet no Chile, Tabaré Vazquez no Uruguai e Hugo Chávez na Venezuela. Por conta dos presidentes progressistas que chegaram ao poder na região, para o sociólogo português Boaventura de Souza Santos, atualmente, a América Latina é o ponto fraco do imperialismo dos Estados Unidos.

"A nova esquerda da América Latina está se utilizando do jogo democrático para empurrar políticas sociais. Alguns estão mais avançados, outros menos, mas todos estão contra os Estados Unidos. Por razões econômicas, como o Brasil, ou por razões políticas, como a Venezuela. Essa é dificuldade dos EUA com a América Latina. Aqui está o elo débil do imperialismo dos EUA", disse o professor titular da Universidade de Coimbra à Agência Brasil.

"Essa onda é um movimento continental por razões sociológicas muito conhecidas. Houve dois modelos de socialismo: um bloqueado, de Cuba, e outro destroçado, de Salvador Allende, no Chile", explicou Boaventura. "Depois tivemos ditaduras e depois a onda democrática, que veio junto com o neoliberalismo, com abertura de mercados e a gradação da qualidade de vida".

Segundo ele, a democracia foi apropriada pelos movimentos sociais da região para lutar contra a injustiça e a má distribuição. "Não estão criando o socialismo, querem apenas ser incluídos, querem uma pequena melhoria de condição de vida. A dívida social desses países, assim como o Brasil, é tremenda".