Manifestação em São Paulo contra assassinatos de moradores de rua reúne cerca de mil pessoas

19/01/2006 - 19h15

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Cerca de mil pessoas realizaram hoje (19) uma manifestação nas escadarias da catedral da Sé para relembrar e repudiar os assassinatos de sete moradores de rua ocorridos na cidade de São Paulo nos dias 19 e 22 de agosto de 2004. As vítimas foram golpeadas na cabeça. Diversos sem-teto e membros de cerca de 20 organizações não governamentais (ONGs) e participaram do protesto.

"Queremos não deixar esquecer o massacre da população de rua, continuar lutando para que haja justiça nesse massacre e manifestar também nosso repúdio à imprensa, que tem atacado o trabalho da população de rua, desqualificando as entidades e desqualificando também o povo da rua" disse o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral da Rua.

De acordo com o movimento dos moradores de rua, há aproximadamente 12 mil pessoas morando atualmente nas ruas de São Paulo, frente a apenas 6,7 mil vagas nos albergues da cidade.

"Nós não estamos na rua para assaltar ou para roubar. Ao contrário, moramos embaixo dos viadutos para não roubar. Nós nos sujeitamos a passar fome, passar frio, sermos humilhados, justamente para não parar carro no farol, para não seqüestrar, para não pegar uma autoridade política e fazer estrago, como fazem na França e em outros países", afirmou Sebastião Nicomedes de Oliveira, representante do Movimento Nacional de Luta e Defesa dos Direitos da População de Rua.

No final da manifestação, os manifestantes levaram uma cruz com o nome dos moradores assassinados até a porta do Tribunal de Justiça de São Paulo. Foi um protesto contra a decisão da justiça de revogar a prisão dos acusados de terem cometido os assassinatos.

O padre Júlio Lancellotti tornou público um inquérito instaurado pelo Ministério Público de São Paulo para apurar a instalação, feita pela prefeitura da cidade, de rampas sob viadutos para impedir a permanência de moradores de rua no local.