Brasília, 19/1/2006 (Agência Brasil - ABr) - O governo brasileiro está negociando com os Estados Unidos a liberação de venda de aviões militares, pela Embraer, para o governo venezuelano, assegurou hoje (19) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. O negócio foi vetado pelos norte-americanos sob a justificativa de que a venda poderia desestabilizar a América Latina.

"É uma coisa totalmente absurda, todos sabem que são aviões para nossos cadetes. Já temos Tucanos [o nome do modelo de avião] há muito tempo", disse Chávez na saída de encontro trilateral entre Brasil, Argentina e Venezuela. "Isso é um exemplo do absurdo da política internacional dos Estados Unidos. É um atropelo ao Brasil, à liberdade de comércio. Os Estados Unidos sempre tiveram a estratégia de debilitar todo o empenho de unidade do Sul", enfatizou.

Chávez disse que lamentará se a proibição americana for mantida, pois, segundo ele, o negócio impulsionaria a aeronáutica brasileira. E garantiu que a Venezuela comprará aviões da Rússia, da China, da Índia ou de qualquer outra parte do mundo.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil não concorda com a posição americana, que já conversou com a secretária de Estado Condoleezza Rice e que aguarda uma resposta. "Esse tipo de restrição não se justifica. A Venezuela não é um país que está sob sanção internacional, não há nenhuma acusação de que esteja patrocinando o terrorismo ou ações subversivas onde quer que seja", destacou.

Amorim afirmou acreditar em mudança na posição norte-americana: "A boa relação que existe entre Brasil e Estados Unidos deve indicar uma revisão daquilo que nos foi indicado inicialmente."