Haiti precisa de investimentos e cooperação internacional, avalia representante brasileiro

19/01/2006 - 6h47

Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – O governo brasileiro enviou uma missão para avaliar o período pré-eleitoral no Haiti. Além do embaixador José Eduardo Martins Felício, também embarcou o doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade Federal de Santa Maria, Ricardo Seitenfus, que concedeu entrevista exclusiva à Radiobrás.

Para Seitenfus, o grande desafio do país agora é a reconstrução do Estado haitiano e, sobretudo, o desenvolvimento socioeconômico do país mais pobre das Américas. "O Haiti se caracteriza por ser um dos países mais pobres do mundo e as sucessivas crises fazem com que ele se empobreça a cada ano. Então é necessário reverter esse ciclo perverso de crises e empobrecimento para um ciclo favorável e positivo de paz social e política, com um governo legitimo", disse.

O professor enfatiza a importância da comunidade internacional perceber que o Haiti vai precisar de ajuda para administrar o país. Isso porque, segundo ele, tendo um novo governo eleito, será necessária toda a atenção para projetos de infra-estrutura que vão desde comunicação até a limpeza urbana.

"É necessário que a comunidade internacional, particularmente o Brasil e os países latino-americanos aportem esse auxílio que é mais um auxílio técnico, no nosso caso, e financeiros, dos países desenvolvidos para que passemos dessa fase de crise para uma de desenvolvimento", afirmou.

Depois das eleições, Seitenfus destaca a importância do apoio da comunidade internacional. "Depois das eleições é importante que a comunidade internacional desbloqueie os recursos financeiros, já que agora temos um governo eleito democraticamente e que deverá ser reconhecido como tal e que seja auxiliado na sua pesada tarefa de administrar esse país."

Representantes do Brasil, Argentina, Estados Unidos, Canadá, Chile e França fazem uma visita política ao Haiti até o próximo domingo. Os países formam um núcleo de condução da missão de paz da Organização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) e vão avaliar a situação às vésperas das eleições gerais marcadas para o dia 7 de fevereiro.