Entenda as investigações do assassinato do líder seringueiro em Rondônia

19/01/2006 - 15h55

Brasília – No dia 26 de dezembro, o presidente da Associação de Seringueiros do Vale do Anari (Asva), João Batista, foi assassinado. Até o dia 3 de janeiro, a Polícia Civil de Rondônia ainda não havia começado as investigações sobre a morte porque as viaturas estavam quebradas. À época, a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), que reúne dez associações extrativistas do estado, já denunciava que o crime era político.

No início de janeiro, em entrevista à Radiobrás, o presidente da Associação de Moradores da Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá (Asmorex), Antônio Teixeira, afirmou que fazia tempo que Batista estava amedrontado. Ele disse ainda que vizinhos de Batista ouviram disparo de tiros por volta das 22 horas do dia 26 – e, no dia seguinte, encontraram o seringueiro morto em sua casa, só de cuecas.

"Quem o matou devia ser conhecido dele. Além dos garimpeiros, madeireiros e grileiros, o Batista tinha conflitos com a própria família", avaliou à época. "Ainda que o crime não tenha sido político, ele nos deixa com medo, porque é mais um para a lista dos casos impunes".

A Reserva Extrativista (Resex) do Acariquara é uma unidade de conservação estadual, criada em 1995. Nela vivem cerca de 47 famílias, em uma área de pouco mais de 10 mil hectares, no município de Vale do Anari (RO). Batista trabalhava na reserva, mas morava em uma área de regularização fundiária do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), conhecida como Linha de Escoamento 74.

Dois líderes seringueiros de Rondônia também foram ameaçados de morte por invasores das reservas extrativistas (resex) estaduais: Antônio Teixeira, presidente da Associação de Moradores da Resex Rio Preto Jacundá (Asmorex), que concedeu entrevista à Radiobrás, e Chico Leonel, presidente da organização não-governamental Bem-te-Vi, que atua na Resex Jaci Paraná.

Os dois – assim como João Batista, presidente da Associação de Seringueiros do Vale do Anari, assassinado no último dia 26 no município de Vale do Anari (RO) – fizeram parte do grupo que foi a Brasília, em setembro de 2005, entregar à ministra Marina Silva um dossiê sobre os conflitos nas reservas extrativistas estaduais do Rondônia.

Agora, a Secretaria de Segurança Pública de Rondônia afirmou que o crime já está desvendado e que a polícia procura agora apenas o autor dos disparos que mataram Batista no último dia 26 de dezembro. O mandante seria o secretário municipal de obras de Vale do Anari (RO) e vereador licenciado do município, Walter Bispo, que teria confessado o crime.