Cientista diz que política econômica de Palocci e de Furlan é de direita

19/01/2006 - 6h54

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília – "A política econômica do Palocci é tão de direita ou mais que a de Furlan", disse o cientista político do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP), João Augusto de Castro Neves, no programa Diálogo Brasil exibido ontem (18). Segundo Neves, o não-pagamento de juros não define o país como de esquerda, mas como inadimplente. De acordo com ele, o pagamento adiantado da dívida com o Fundo Monetário Internacional, "foi uma questão mais política que econômica". Castro Neves participou do programa no estúdio da TV Nacional, em Brasília.

João Paulo Rodrigues, da Diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou, no estúdio da TV Cultura, em São Paulo, que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não pode ser vista como um simples acordo comercial. "É um programa de integração que leva em consideração um conjunto de políticas, dentre elas a política comercial". Para ele, os Estados Unidos tiveram uma derrota significativa do ponto de vista comercial com as eleições de Lula no Brasil e de Chávez na Venezuela. "No conjunto da América Latina há um enfraquecimento significativo do poder dos Estados Unidos, já há uma diferença na submissão que havia na década de 90 com os dias de hoje". Rodrigues afirmou que a reforma agrária prometida pelo presidente Lula, "é continuação de uma prática do governo passado".

No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, a professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Miriam Saraiva, destacou que a eleição de diversos governos progressistas está promovendo avanços em termos de integração regional. "Se houver um retorno de partidos conservadores, um dos prejuízos se dará na integração regional", acrescentou. Para ela, a União Européia exerce um protecionismo comercial tão forte quanto o praticado pelos Estados Unidos.

Também no estúdio da TV Nacional, Argemiro Procópio, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), questionou o conceito de democracia brasileira. "Que democracia é essa com exclusão social? Que democracia é essa onde alguns podem ter casas e outros têm que morar debaixo da ponte? Antes de questionarmos direita e esquerda temos que questionar que democracia é essa". Para ele, "a violência é um péssimo sinal de que os governos com discurso de esquerda não estão conseguindo cumprir as reformas prometidas".

Os debates do Diálogo Brasil foram mediados pelo jornalista Luiz Fara Monteiro. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.