Ao se aposentar, Velloso destaca experiência à frente do processo de informatização do voto

19/01/2006 - 18h47

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Carlos Velloso, que completa hoje 70 anos de idade, se aposenta, compulsoriamente, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram 51 anos de serviço público e quase 40 de magistratura.

A informatização do voto com a adoção das urnas eletrônicas se deu durante o primeiro mandato de Velloso à frente do TSE (1994-1996). Essa, na avaliação dele, foi uma de suas maiores conquistas enquanto ministro do tribunal. "A implantação do voto eletrônico foi uma experiência bastante difícil, mas vitoriosa; não é à toa que estamos exportando-a para o primeiro mundo", comentou, em entrevista à Radiobrás.

Agora, Velloso encerra o seu segundo mandato como presidente do Superior Tribunal de Eleitoral tendo proposto medidas rigorosas no sistema de fiscalização eleitoral com o objetivo de combater o caixa 2.

No STF, onde atuou por 16 anos como ministro, ele fez julgamentos importantes, entre eles, o que culminou com a saída do ex-presidente Fernando Collor. Na época em que presidiu a máxima instância do Judiciário, entre 1999 e 2001, Velloso proferiu votos que modificaram a jurisprudência do tribunal nas esferas do direito tributário, administrativo e constitucional.

Com uma vida dedicada aos tribunais, Velloso não poderia ter deixado de passar também pelo Superior Tribunal de Justiça, onde exerceu o cargo de ministro e presidiu a Comissão de Regimento Interno do Tribunal, no biênio 1989 e 1990.

Indagado se na magistratura havia deixado de fazer alguma coisa da qual se arrepende, Carlos Velloso respondeu que está deixando o ramo, em especial a Justiça Eleitoral, "muito orgulhoso" de o ter integrado. Sobre o seu sucessor na cadeira do Supremo, Velloso disse acreditar que o presidente Lula, quem fará a escolha, nomeará um ministro preparado para exercer o cargo. Ao escolher um novo nome para substituir Velloso no STF, Lula completa cinco indicações desde que assumiu o governo, em 2003. No TSE, quem vai assumir a presidência, no lugar de Velloso, é o ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do tribunal.

Apesar de estar se aposentando, por completar 70 anos (a Constituição estabelece aos servidores públicos aposentadoria nessa idade), Carlos Velloso, mineiro da cidade de Entre Rios de Minas (MG), anunciou que pretende exercer a advocacia e se dedicar ao magistério superior. "E claro", destacou, "também pretendo me dedicar mais ao tênis".