Secretário de Agricultura familiar defende a diversificação

18/01/2006 - 8h21

Eduardo Mamcasz
Repórter da Rádio Nacional

Brasília- A produção de grãos, como a soja, em áreas pequenas de terra, não é o melhor caminho para a agricultura familiar. A afirmação é do secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Valter Bianchini, na reportagem especial de hoje da série "Soja-o grande negócio", que destaca os impactos sociais da monocultura. A série está sendo transmitido pela Rádio Nacional e também pode ser ouvida, na íntegra, aqui na Agência Brasil.

Segundo o secretário, o governo, através do crédito rural concedido pelo Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), está incentivando a diversificação e buscando fontes de agregação. Ele afirmou que "tudo que é monocultura acaba causando prejuízos para o pequeno agricultor, porque ela prevê agricultura de escala". Segundo Bianchini, com os avanços da tecnologia no campo, aumentam as exigências de maior capital.

Bianchini lembra que, quando uma monocultura como a da soja chega a uma região, acaba "expulsando o universo de pequenos agricultores e passa a ter uma concentração de terras e de renda, diminuindo o número de empregos". O secretário também adverte para o perigo do que chamou de "não-sustentabilidade ambiental" e para as crises, como está acontecendo agora, de queda nos preços do produto.

"Se houver outras linhas de produção agrícola e de criação animal, maior será a inclusão social", diz o secretário, lembrando que os melhores índices de desenvolvimento humano se registram justamente nos municípios onde predominam a agricultura familiar, a democratização no acesso à terra e a diversificação de culturas. "A monocultura nunca é um grande negócio quando falamos em desenvolvimento sustentado".

Valter Bianchini lamenta ainda que a agricultura familiar, responsável por 30% de toda a produção agrícola, tenha se afastado da tradição de aliar agricultura e pecuária. Ele aconselha os pequenos agricultores a se dedicarem novamente à criação de animais, à fruticultura e à agroindústria, que "adicionem maior valor e renda à propriedade".