Presidente da Farsul diz que gaúchos precisam diminuir área da soja

18/01/2006 - 8h22

Eduardo Mamcasz
Repórter da Rádio Nacional

Brasília - O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Carlos Speroto, afirmou em entrevista ao rádio-documentário "Soja - um grande negócio", que está sendo transmitido pela Rádio Nacional e Agência Brasil, que está sendo pensada no estado uma "alteração significativa no perfil produtivo", que poderá resultar no encolhimento das áreas de soja, "passando o produtor, mesmo o grande, a executar outras culturas".

Ao analisar a atual necessidade de os gaúchos não concentrarem, segundo declarou, "todos os ovos numa cesta só", Speroto fala da passagem da soja pelo Rio Grande do Sul, desde 1966, quando "assumiu posição de cultivo intensivo, junto com o trigo". O empresário garante que nunca viu "um grande ganho com a entrada do binômio trigo-soja na agricultura familiar, que por isso sofreu grandes alterações em sua estrutura ".

Segundo o presidente da Farsul, a partir do momento em que o agricultor gaúcho passou a se interessar somente em soja ou trigo, ele teve que adotar a mecanização em sua propriedade. Com isso - explicou Speroto - ele também abandonou a policultura e a exploração múltipla com suinocultura, fruticultura e setor lácteo, entre outros. Aconteceu então o que ele classifica de mais grave, que foi a "mudança da estrutura familiar".

"Ocorreu uma evasão de quem trabalhava na estrutura familiar e o agricultor foi em busca de empregos na cidade", disse Speroto. Segundo ele, em conseqüência da escolha pela monocultura, no caso da soja, até a economia de algumas regiões do estado foi afetada, "desestabilizando novamente a estrutura familiar bem organizada que existia, com a mão de obra disponível na própria região".

Na parte ambiental, Carlos Speroto admitiu que, há 40 anos, a cultura intensiva da soja no Rio Grande do Sul realmente causou problemas, tanto que "áreas de floresta foram recuperadas, consolidando-se o entorno das lavouras e os rios deixaram de sofrer assoreamento com a prática revolucionária do plantio direto, que hoje é usada em 95% da área plantada na região". Até o solo, completou Speroto, ganhou por conta da "correção maciça e da incorporação de matérias orgânicas".