Para instituto de siderurgia, política monetária ocasionou queda na produção de aço

18/01/2006 - 16h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O Instituto Brasileiro de Siderurgia avalia que a queda de 3,9% na produção de aço brasileiro, em 2005, foi ocasionada pela política monetária "muito rígida" praticada pelo governo. De acordo com o vice-presidente executivo da entidade, Marco Pólo de Mello Lopes, as elevadas taxas de juros praticadas para manter a baixa inflação seriam a razão para a retração do setor.

Segundo o instituto, de todos os segmentos que compõem a cadeia de consumo do setor siderúrgico, apenas a indústria automobilística mostrou pequeno crescimento. Na avaliação de Lopes, a queda também é resultado da falta de investimentos públicos em infra-estrutura e nas indústrias naval e da construção civil, que estavam previstos mas acabaram não se concretizando.

Para o executivo, outra causa para o mau desempenho do setor foi o acúmulo de estoque pelos consumidores de aço no início do ano. "Esse crescimento foi muito significativo e somente ao longo do ano esses estoques foram sendo desovados. Tudo isso fez com que a performance do setor fosse retratada nesses indicadores de baixa produção", analisou.

A produção de aço bruto do Brasil somou 31,630 milhões de toneladas em 2005 contra 32,909 milhões no ano anterior. A produção de ferro-gusa atingiu 34 milhões de toneladas, uma diminuição de 1,6% em comparação aos 34,5 milhões de toneladas produzidos em 2004.

Minas Gerais, com 11,754 milhões de toneladas de aço bruto, liderou o ranking da produção entre os estados brasileiros. O país ocupa a nona posição na produção mundial de aço e é o maior produtor da América Latina, segundo informação do Instituto Latino-Americano do Ferro e do Aço (ILAFA).

O instituto também destaca o crescimento de 4,4% no volume de aço embarcado em relação a 2004. Foram 12,5 milhões de toneladas, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O faturamento com as exportações foi de US$ 6,5 bilhões, o que significa um crecimento 23,2% a mais do que em 2004.

O alto faturamento, segundo Lopes, ocorreu porque o Brasil passou a exportar produtos de maior valor agregado. "Antes havia um volume muito grande de exportação na área de semi-acabados", disse. "Essa mudança fez com que se atingisse esse recorde em termos de receita cambial".