Furlan diz que só admite criação de salvaguardas entre Brasil e Argentina depois de negociação

18/01/2006 - 18h10

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse, nesta tarde, após almoço com a comitiva argentina, que o Brasil só aceitará a criação de salvaguardas – estabelecimento de cotas para entrada de produtos em um mercado - entre Brasil e Argentina, se houver previsão de um tempo mínimo para negociação, antes de tais medidas serem adotadas pelo parte do país que se julgar prejudicado pela entrada excessiva de produtos de outro.

"O Brasil não aceita salvaguarda automática. Queremos que haja um período de 30 dias para entendimento", afirmou Furlan. Segundo ele, o governo brasileiro espera que seja estabelecida, em caso de adoção de salvaguarda, a previsão de término e que não haja renovação automática da medida. "Esse sistema de proteção tem que ter começo, meio e fim", disse ele.

O governo argentino propõe a instituição de salvaguardas no comércio entre os dois países em 2004 como forma de proteger a indústria argentina dos produtos brasileiros que, segundo os argentinos, prejudicavam o produção local.

Furlan também comentou que é favorável à liberalização imediata do comércio entre os dois países, mas os argentinos argumentam que não estão preparados. "Queremos ter o livre comércio já, mas entendemos que isso não é possível, segundo os argumentos argentinos, de que passaram por uma crise de desindustrialização, que o mercado interno praticamente desapareceu e que precisam de um tempo para se recuperar".

Neste momento, o ministro do Desenvolvimento está reunido com a ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, para tratar desses assuntos e conversar sobre a política industrial da argentina, o acordo automotivo entre os dois paises, que deve ser renovado, além de outros assuntos ligados ao comércio bilateral.

De acordo com Furlan, as conversas são "genéricas" porque é a primeira vez que a ministra visita o Brasil, e as negociações estão sendo feitas em nível técnico.