Entenda a participação do Brasil na missão de paz da ONU no Haiti

18/01/2006 - 11h36

Aloisio Milani
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O Brasil assumiu o comando das tropas militares da força de paz da ONU no Haiti (Minustah) em junho de 2004. O Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de força militar para garantir a segurança e estabilidade no país após a queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide. Uma das condições da resolução do Conselho é que a missão ajude a organizar novas eleições gerais para retomar a normalidade democrática.

Durante esta primeira etapa da atuação dos brasileiros, a missão da ONU buscou consolidar um efetivo que substituísse a Força Multilateral Interina (MIF, pela sigla em inglês), formada por Estados Unidos, Canadá, França e Chile. A MIF se mantinha no país desde a queda de Aristide. Depois disso, a Minustah procurou auxiliar na manutenção da segurança para realizar novas eleições para o poder Executivo e Legislativo. Para isso, a Organização dos Estados Americanos (OEA) organizou um recadastramento de eleitores.

Sob o comando inicial do general brasileiro Augusto Heleno, a missão no Haiti enfrentou um quadro incompleto de militares previstos pela ONU. Segundo o Exército, isso dificultava a atuação nas áreas mais críticas do país, onde gangues, rebeldes e grupos armados mantinham conflitos permanentes com civis e com a Polícia Nacional haitiana.

Em março do ano passado, por exemplo, a morte dos dois soldados da Minustah fizeram as primeiras baixas desde que as tropas foram enviadas. Os conflitos entre os grupos armados e a Polícia Nacional eram constantes. Organizações não-governamentais chegaram a criticar a atuação da ONU ao alegar que a atuação da missão permitia a violação de direitos humanos. A acusação foi negada pelo comando militar e pelas autoridades do governo brasileiro.

Neste mês, o general brasileiro Urano Teixeira Bacellar, chefe da força de paz da ONU no Haiti, foi encontrado morto com um tiro no quarto do Hotel Montana, em Porto Príncipe. As investigações da ONU confirmaram que a causa foi suicídio, mas o laudo brasileiro não foi divulgado oficialmente. Até o próximo militar brasileiro assumir o comando novamente, um general chileno está no posto interinamente.