Economias do Brasil e da Argentina devem ser complementares, defende ministra da Economia

18/01/2006 - 16h07

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A possibilidade de restrição à entrada de produtos brasileiros no mercado argentino será um dos temas da reunião de hoje (18) entre a ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, e o ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. "Me preocupa que haja complementaridade entre as duas economias, e não meros acordos de intercâmbio comercial", afirmou Felisa, informando que também devem participar do encontro técnicos dos ministérios do Desenvolvimento, da Fazenda e das Relações Exteriores, além de integrantes da equipe econômica brasileira.

Em novembro passado, o ex-ministro da Economia argentino, Roberto Lavagna, propôs ao Brasil uma Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC) no sentido de limitar a entrada de produtos manufaturados que estariam afetando setores argentinos em plena fase de reindustrialização. O governo brasileiro concordou em ajudar na recuperação econômica do país vizinho, mas discordou do modelo apresentado – a Argentina queria o direito de impor restrições unilateralmente, sem compromissos de ajustes no momento em que a indústria local recuperasse competitividade.

As negociações devem ser concluídas até o final de janeiro, data fixada durante a comemoração do Dia da Amizade entre Brasil e Argentina, em final de novembro do ano passado. Hoje, Felisa deu um sinal de que as posições começam a se aproximar. Segundo ela, a proposta que está em discussão prevê, como desejado pelo Brasil, ajustes e revisões periódicas.

Questionada se os incentivos concedidos pelo governo brasileiro ao setor produtivo não causariam condições desiguais de competitividade entre os dois países, a ministra assegurou que a Argentina tem um sistema financeiro capaz de responder às atuais necessidades da indústria local. "Hoje as taxas de juros são muito mais convenientes na Argentina do que no Brasil, ao contrário do que acontecia historicamente", observou. "Assim, temos que consolidar nosso crescimento econômico, avançar em nosso processo de reindustrialização e recuperar o tempo perdido para que seja possível uma melhor integração com o Brasil", acrescentou.

A ministra disse, ainda, que outra preocupação da Argentina é integração efetiva na área de investimentos, tema que também deverá ser tratado na reunião de hoje.