Comunidade sem-teto Chico Mendes retoma atividades culturais mesmo sob a ameaça de despejo

18/01/2006 - 20h47

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A exibição do filme brasileiro "Olga", dirigido por Jayme Monjardim, que levou para o cinema a história contada em livro pelo jornalista Fernando de Moraes sobre episódios do movimento comunista na década de 30, quebrou a tensão dos últimos dias no acampamento da comunidade Chico Mendes.

O grupo de cerca de 860 famílias de um terreno ocupado há quatro meses, no município paulista de Taboão da Serra, ainda vive sob a ameaça de despejo. "Mas decidimos retomar as atividades culturais para reduzir o impacto negativo dessa ameaça", disse à Agência Brasil a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Helena Silvestre.

A esperada decisão judicial sobre o pedido de cancelamento da ação de reintegração de posse foi adiada, informou ela, "deixando tudo na estaca zero". Outro coordenador do movimento, Guilherme Boulos, disse que o relator do processo, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Sampaio Pontes julgou ontem (17) necessário submeter a matéria à análise de um grupo maior de juristas.

Enquanto isso, as tentativas de solução junto aos governos municipal, estadual e federal prossegue. Mas, segundo Boulos, sem avanço.

Amanhã (19), caso não ocorra a execução da ação de despejo, os acampados devem também retomar a reunião semanal sobre as questões de rotina da comunidade. Para organizar o dia-a-dia dos sem-teto, foi criada uma disciplina de convivência divida em quatro grupos. Cada grupo tem uma cozinha coletiva, onde quem tem condições prepara refeições individualmente.