Exército vai trabalhar em construção de estradas no Nordeste

16/01/2006 - 20h40

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Depois de construir o trecho da BR-101 entre Natal e Recife, na década de 70, o Exército volta ao Nordeste para duplicar a rodovia numa extensão de 336 quilômetros. Esta pode ser uma das maiores obras já executadas pela engenharia do Exército, em função dos recursos repassados e do tempo de duração, segundo avaliação do general Tarcísio Alves da Rocha, engenheiro que coordena a ligação com ministérios que contratam o Exército para obras de infra-estrutura. Militares construíram 1,5 mil quilômetros da Cuiabá-Santarém na década de 70, mas a obra levou mais de 10 anos para ser concluída.

Serão três anos e meio de obras, sendo que na primeira fase, que vai até outubro, o Exército concluirá os trabalhos em cerca de 150 quilômetros. Nos trechos visitados hoje (16) pelo presidente Lula, estarão prontas a restauração de 46 quilômetros da pista existente desde Natal, a construção do viaduto de Ponta Negra e de três passarelas metálicas no Rio Grande do Norte; a duplicação de 10 quilômetros a partir de João Pessoa e do viaduto de acesso à rodoviária, além da construção de três passarelas na Paraíba; e a duplicação de nove quilômetros a partir da divisa da Paraíba com Pernambuco, a construção de viadutos de acesso a duas rodovias estaduais, duas passarelas e das pontes sobre os rios Arataca, Botafogo e Tabatinga, em Pernambuco.

O Exército foi designado para fazer a duplicação da BR-101 Nordeste, em três lotes de obras de um total de oito que fazem parte do projeto de ampliação da rodovia, porque empresas que participaram do processo de licitação questionaram os editais na Justiça. Como o resultado dos processos judiciais não saiu até novembro, o governo usou de um dispositivo constitucional que permite entregar ao Exército obras de infra-estrutura. Assim, os recursos orçados em 2005 não foram perdidos.

Para o general, o Exército tem condições de assumir os outros cinco lotes ao final das obras em 2008. "De imediato, os batalhões não teriam como realizar toda a duplicação, porque estão trabalhando com toda sua capacidade operacional. Mas ao final das obras nos três trechos, aí sim eles teriam como dar continuidade à duplicação, se assim ficar definido pelo governo", disse. O presidente Lula disse, na visita às obras da BR-101 Nordeste, que se as pendências judiciais persistirem, o governo pode entregar toda a duplicação da estrada litorânea para o Exército.

Segundo o general Tarcísio da Rocha, no ano passado foram repassados cerca de R$ 120 milhões dos R$ 540 milhões que o Exército receberá pelo total da obra. Cerca de 15% desse valor foi investido em reequipamento e modernização dos quatro batalhões de engenharia do Nordeste, envolvidos na obra. "Esse investimento praticamente já foi feito com os recursos que o Exército recebeu. Como os batalhões do Nordeste ficaram um tempo sem trabalhar na sua capacidade máxima, os equipamentos ficaram gastos e, quando terminarem essa obra, terão inclusive condições de oferecer preços melhores", afirmou. Foram adquiridos 175 equipamentos pesados e mais de 300 veículos. A maior parte dos recursos serão repassados neste ano e em 2007, cerca de R$ 360 milhões, e o restante será liberado em 2008.

O Exército tem 11 batalhões e uma companhia de engenharia em todo o país. São cerca de seis mil homens, entre civis e militares, trabalhando em obras do governo federal e de governos estaduais. Atualmente, os batalhões com maior volume de obras são os do Nordeste (Caicó, Teresina, Picos e Barreiras, respectivamente no Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia) e de Araguari (MG), de acordo com o general Tarcísio da Rocha. No caso da BR-101 Nordeste, há 950 homens trabalhando e cerca de dois mil empregos diretos serão gerados com a contratação de pequenas empresas que realizam trabalhos como a construção de banquetas, sarjetas, valetas de proteção, gramados e sinalização vertical e horizontal.