Acampamento reúne jovens na fronteira entre Brasil e Uruguai para Fórum paralelo

16/01/2006 - 7h14

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre – Este ano, o Fórum Social Mundial muda de endereço principal na América. Ele sai de Porto Alegre e vai para Caracas, entre os dias 24 e 29 de janeiro. Mas quem não for à capital venezuelana poderá acompanhar os debates na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. O 1º Acampamento Binacional do Fórum Social Mundial começou a ser montado em Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do estado gaúcho.

Promovido pela prefeitura do município, entidades sociais, religiosas, organizações não-governamentais e associações do Brasil e do Uruguai, o acampamento deverá acomodar mais de 10 mil pessoas de várias partes do estado e do país vizinho. Durante os seis dias do evento, os participantes poderão acompanhar pela manhã em telões, com transmissão ao vivo, o Fórum Social Mundial, que acontece em Caracas.

A partir das 13h, estão programados seminários, palestras e oficinas. À noite, o espaço central do evento será palco de shows, com músicos dos dois países. De acordo com o prefeito de Santa Vitória do Palmar, Cláudio Fernando Brayer Pereira, os jovens acampados vão contar "com a estrutura de um hotel em um espaço de 14 hectares, localizado a 435 quilômetros da capital gaúcha".

A Associação Riograndense de Empreendimentos, Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) estará no local ao lado de uma usina de reciclagem de lixo, fazendo demonstrações ao público de como deve ser feita a reciclagem. A chefe da entidade no município, Elaine Machado Lopes, destacou que a oportunidade de debater temas mundiais "atinge todas as regiões, etnias e religiões, unindo os gaúchos e aumentando a auto-estima da população local".

Entre as entidades brasileiras que promovem o Acampamento Binacional estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Universidade Católica de Pelotas (Ucpel), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), Movimento de Associação de Bairros de Santa Vitória do Palmar, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Associação do Trabalho e Economia Solidária (Ates).

Pelo Uruguai, participam o Instituto de Juventude, Centro de Atenção Materno Infantil, ONG ecológica Chuy, Grupo de Escritores de Boa Esperança, Associação Americana de Juristas e a Rede Latino-Americana de Advogados e Advogadas Defensores dos Direitos Humanos. Mais informações pode ser obtidas no site www.forumbinacional.org.br. No local, também é possível encontrar as fichas de inscrições e a programação completa do evento.

O Fórum Social Mundial é realizando anualmente, desde 2001, sempre em janeiro, na mesma data em que na Suíça ocorre o Fórum Econômico Mundial de Davos. Por isso, nos primeiros anos, ele ficou conhecido como anti-Davos. O evento é resultado da articulação de organizações da sociedade civil e movimentos sociais de todo o planeta.

Quatro de suas cinco primeiras edições ocorreram no Brasil, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Em 2004, o encontro foi realizado em Mumbai, na Índia. Este ano, ele será diferente. Ocorrerá em três continentes: África, América e Ásia. O capítulo africano será em Bamako, capital do Mali, entre os dias 19 e 23 de janeiro. Na seqüência, segue viagem para a etapa americana, em Caracas, capital da Venezuela.