Tráfego intenso na BR-101 leva governo a envolver Exército na duplicação da estrada nordestina

15/01/2006 - 9h08

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Tráfego intenso de até 125 mil veículos por dia e uma população beneficiada de cinco milhões de habitantes, além de grande movimento de turistas que cada vez mais procuram o Nordeste como destino. Esse foi o quadro que levou o governo a usar um dispositivo constitucional que permite entregar ao Exército obras de infra-estrutura para duplicar a BR-101 Nordeste. As obras começaram em dezembro e, nesta segunda (16), o presidente Lula visitará os três trechos que têm soldados e engenheiros do Exército trabalhando.

O processo de licitação para as obras da rodovia, lançado em maio do ano passado, sofreu vários questionamentos na Justiça, por parte de empreiteiras que participaram da concorrência. Por isso, o governo passou para o Departamento de Engenharia e Construção (DEC), do Exército, três dos oito lotes de obras programados no projeto de duplicação da estrada.

Segundo o diretor de Planejamento do Ministério dos Transportes, Francisco Luiz Baptista da Costa, são 336 quilômetros de extensão no Rio Grande do Norte, na Paraíba e em Pernambuco. "Além da importância da obra, pelo seu benefício econômico e social, fizemos isso para não perder os recursos orçados para 2005", explicou Costa. Agora, o governo vai aguardar as decisões da Justiça sobre os outros cinco lotes para dar continuidade ao processo de licitação.

O primeiro trecho, referente ao lote 1, vai de Natal até o acesso de Arez, município que fica ao Sul da capital do Rio Grande do Norte. São 46,2 quilômetros, no valor de R$ 108,7 milhões. O trecho seguinte, que corresponde ao lote 5, com 55 quilômetros de extensão e custo de R$ 178,7 milhões, vai de João Pessoa até a divisa da Paraíba com Pernambuco. E, na seqüência, indo da divisa dos dois estados até a cidade de Igarassu, próxima ao contorno de Recife, vem o trecho que corresponde ao lote 6. São 41,4 quilômetros de extensão, que vão custar R$ 234,3 milhões. São 36 municípios beneficiados com as obras.

Segundo Costa, o governo já repassou 30% dos recursos ao Exército, que começou com as obras de terraplanagem. De acordo com o diretor de Obras de Cooperação do DEC, general Ítalo Fortes Avena, a primeira fase vai até outubro com o emprego de 950 homens nas obras. Para o Rio Grande do Norte, o cronograma engloba a restauração da pista existente e a construção de viadutos e passarelas. Na Paraíba, serão duplicados dez quilômetros de estradas nesta primeira fase e em Pernambuco serão oito quilômetros de duplicação.

Por determinação do Ministério dos Transportes, o Exército usará concreto na pavimentação da nova pista da BR-101 Nordeste e asfalto para a recuperação da pista existente. "Temos experiência no uso de concreto em outros tipos de obra, como túneis e passarelas. Recentemente, por exemplo, fizemos uma passagem inferior, algo como um túnel de menor dimensão, no trevo de Uberaba", contou Avena. A escolha pelo concreto como material de pavimentação se deve a fatores geológicos, porque adere melhor ao solo do Nordeste. Além disso, é um material mais durável.