Profissionais negras recebem, em média, cerca da metade que as brancas, mostra estudo

15/01/2006 - 9h08

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – As mulheres negras e pardas no Brasil recebem, em média, cerca de metade da remuneração das trabalhadoras brancas. A constatação é de um levantamento feito pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, com base em dados de seis capitais brasileiras, colhidos entre julho e setembro de 2005.

De acordo com o estudo, a maior disparidade é encontrada em Salvador, onde as mulheres negras recebem, em média, 1,9 salário-mínimo, enquanto que as brancas ganham cerca de 4,6 salários-mínimos. No Rio de Janeiro, onde as trabalhadoras de cor branca recebem 3,6 salários-mínimos, as negras ganham a metade desse valor.

A subsecretária de Planejamento da Secretaria de Políticas para Mulheres, Ângela Fontes, acredita que os dados mostram que ainda há um preconceito racial na sociedade brasileira. "Essas mulheres sofreram, historicamente, um afastamento da escolaridade e da capacitação para o mundo do trabalho. Elas estão, em grande parte, na informalidade e no mercado das empregadas domésticas", disse.

Segundo Ângela, os dados mostram que o governo deve trabalhar mais nessa questão da cor e do gênero, investindo na escolarização, na capacitação das mulheres e na conscientização sobre os direitos trabalhistas.

"Com relação ao caso específico das mulheres negras e o mercado de trabalho, especificamente com as empregadas domésticas, nós temos ações envolvendo-as. A Secretaria das Mulheres, a Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial e o Ministério do Trabalho têm atuado para que as empregadas domésticas tenham conhecimento de seus direitos como cidadãs", afirmou.

Entre as ações estariam a distribuição de uma cartilha informativa, para as empregadas domésticas e seus patrões, e a busca pela regularização dos documentos dessas trabalhadoras, tanto na área urbana quanto na área rural.

O estudo, finalizado em dezembro, foi realizado nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. A pesquisa se baseou em dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A intenção é repetir o levantamento a cada três meses.